Na última terça-feira, sete de abril de 2020, uma aeronave A-29 Super Tucano da Força Aérea do Mali acidentou-se com perda total de material e pessoal.
Os primeiros informes dão conta que a aeronave executou uma manobra radical a baixa altura, entrou em perda sobre o dorso e chocou-se contra o solo, sem dar chances para os tripulantes ejetarem-se.
Um vídeo mostraria o momento da queda, registrado na localidade de Sevari, região de Mopti, próximo ao Rio Níger.
Sévaré é uma cidade na região de Mopti com cerca de 40.000 habitantes, bem próxima ao rio Níger. Está situada 10 quilômetros a sudeste de Mopti e a 10 km ao sul de Fatoma, a antiga capital de Kunaari.
Segundo a Força Aérea do Mali “O Super Tucano TZ04 caiu na terça-feira, 7 de abril, perto de Camp Sévaré, os dois pilotos falecendo no local.
Eles são o capitão Moussa Maïga e o segundo tenente Mamadou Boubacar Traoré.
Essas informações foram fornecidas pelo Chefe do Estado-Maior (CEM-AA), Brigadeiro-General Souleymane Doucouré.
O avião voltava de uma missão de reconhecimento no setor 3 de Timbuktu (onde ocorrem intensos combates) voando em ala com outro Super Tucano da Força Aérea do Mali, de prefixo TZ02. Segundo o CEM-AA, general Souleymane Doucouré, as aeronaves estavam em formação retornando de Timbuktu a Sévaré e tudo estava bem. Foi durante as manobras de pouso que o Super Tucano A-29 TZ04 perdeu o controle e chocou-se contra o solo.
O general Souleymane Doucouré informou que, de acordo com as instruções relativas às investigações sobre acidentes e incidentes na aviação militar, todas as providências foram tomadas pelas autoridades civis e militares de Mopti.
Uma comissão militar técnica foi criada para esse fim.
Doucouré disse que a comissão é uma missão independente e não prejudica a investigação civil e judicial. Algo que está de acordo com as regras internacionais, especificamente o Anexo 13 da Aviação Civil Internacional. Ele também enfatizou que o promotor militar da região de Mopti, a empresa brasileira Embraer Defesa e Segurança, construtora do Super Tucano e a Agência de Aviação Civil do Mali foram informados.
Uma região em conflito
A Força Aérea do Mali encomendou a Embraer Defesa e Segurança seis treinadores/ataque leve A-29 Super Tucano em 2014, encomenda reduzida posteriormente para quatro.
Os quatro exemplares foram entregues em 2018, em um voo transoceânico apoiado por um C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira.
Esses A-29 Super Tucanos são considerados os mais capazes dentre os existentes na África, atuando em meio a pesados combates contra forças rebeldes que operam no território do Mali em uma longa guerra civil.
A Guerra Civil do Mali começou em janeiro de 2012 e prossegue até os dias atuais.
O conflito teve início na sequência de uma rebelião separatista contra o governo do Mali por elementos dos povos tuaregues e grupos islâmicos fundamentalistas na região de Azauade, no deserto do Sara.
Conduzida inicialmente pelo Movimento Nacional de Libertação do Azauade (MNLA), a mais recente encarnação de uma série de revoltas das populações nômades tuaregues que remonta pelo menos até 1916, contra a exploração desse solo por multinacionais europeias e estadunidenses.
O MNLA foi formado por antigos revoltosos e um número significante de combatentes tuaregues fortemente armados que lutaram pelo Conselho Nacional de Transição ou pelo Exército Líbio durante a Guerra Civil Líbia.