Ivan Plavetz
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, participou na última da cerimônia alusiva ao Dia Internacional dos Peacekeepers (Mantenedores da Paz) das Nações Unidas (ONU). O evento, ocorrido este ano no Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília, prestou homenagem aos homens e mulheres que contribuíram para a manutenção da paz ao redor do mundo.
Na “Ordem do Dia”, o ministro Jungmann disse que o País tem participado desse processo de forma significativa ao longo das últimas décadas. “O Brasil já contribuiu para a formação dos contingentes de 40 missões de paz da ONU, com o envio de 51 mil militares ao exterior”, destacou.
Para o ministro Jungmann, um dos fatores de destaque do trabalho do militar brasileiro em missões de paz é a capacidade de diálogo com diferentes forças de várias nações. “É uma capacidade ímpar de entender, dialogar, coordenar, e ao mesmo tempo, estabelecer uma relação extremamente bem-vinda com as populações onde se realizam as missões de paz. É uma demonstração de profissionalismo e competência, mas também com uma identidade brasileira de contribuir para a paz”, afirmou.
Jungmann lembrou ainda que cerca de 100 mil capacetes azuis de diferentes nacionalidades atuam sob a égide da ONU, em busca do fim das hostilidades por meio pacífico. Atualmente, 1.200 brasileiros da Marinha, Exército e Aeronáutica participam de missões de paz.
Ao ler a mensagem, o ministro também ressaltou a ação do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), que desempenha papel fundamental na preparação dos contingentes militares e policiais.
A liderança do Brasil na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), desde 2004, ainda segundo o ministro, tem sido motivo de grande reconhecimento internacional, assim como o comando brasileiro na Força-Tarefa Marítima da Força Interina no Líbano (Unifil).
“Defesa para o Brasil é destino. Com as nossas dimensões, população e com os recursos que nós temos, a defesa também é necessidade, e isso significa que não podemos nos furtar a ter um papel global. E, por dever e obrigação, atender o chamamento da ONU onde for necessário, contribuindo para a paz e estabilidade de países em conflito”, destacou em conversa com os jornalistas.
Dirigindo-se aos mantenedores da paz, o ministro encerrou suas palavras dizendo: “Vocês, Peacekeepers de ontem e de hoje, são motivo de orgulho para a nação. É o seu trabalho, realizado em condições extremamente adversas e desafiadoras, que consagra o Brasil como um país referência por sua participação em missões de paz.”
Dia Internacional dos Peacekeepers
A celebração relembra o dia 29 de maio de 1948, quando foi enviada a primeira Missão de Paz das Nações Unidas com o objetivo de monitorar o cessar-fogo, prevenir a escalada de novos conflitos e supervisionar os acordos de paz da guerra árabe-israelense.
Desde então, os capacetes azuis da ONU atuaram em 71 missões buscando não apenas o fim das hostilidades, mas trabalhando também para a criação de instituições políticas, na reforma de sistemas judiciais, na reforma de sistemas de segurança, no desenvolvimento de programas de desarmamento, desmobilização e reintegração de ex-combatentes, promovendo assistência humanitária, o respeito aos direitos humanos e auxiliando na realização de eleições. Atualmente, os Peacekeepers brasileiros trabalham em nove das 16 operações de paz da ONU.
Para o capitão de infantaria, Paulo Cezar Ferreira De Souza Junior, que participou do 13º Contingente no Haiti em 2010, a experiência em participar de missões de paz é um processo de autotransformação porque o contato com o conflito de outras nações leva à reflexão. “É algo que nos faz refletir sobre a nossa realidade, a nossa vida, e a nossa vontade de servir por uma causa nobre e maior que vai além das nossas vontades. É uma oportunidade ímpar ver o meu Exército Brasileiro em outro nível de adestramento operacional, cumprindo missões para manter um ambiente seguro e estável, possibilitando para que outras instituições da ONU ou não governamentais trabalhassem em prol do Haiti”, disse o capitão.
Presente à cerimônia, o primeiro comandante brasileiro da Força-Tarefa Marítima da Unifil, almirante-de-esquadra, Luiz Henrique Caroli, acrescentou que como missão pioneira a 1ª FTM foi marcada por alguns desafios. “Essa homenagem aos Peacekeepers possibilita relembrar as dificuldades que tivemos e a contribuição para a missão. É uma data marcante para todos os mantenedores da paz e fico muito grato em poder participar da Força-Tarefa Marítima”, afirmou.