O navio-patrulha oceânico L’Adroit, construído com capital próprio da indústria naval francesa, fruto de uma colaboração iniciada em 2011 entre a Marine Nationale e o estaleiro DCNS, foi colocado à disposição daquela força por um período inicial de três anos.
O acordo já foi renovado por duas vezes com duração de 1 ano cada, levando o final de disponibilização em proveito da Marine Nationale para o dia 31 de julho de 2016.
Após completar um tour de treinamento pela África, o patrulha francês chegou ao Rio de Janeiro, onde seu comandante, capitão de fragata Nicolas Guiraud, acompanhado do Embaixador da França, Sr. Laurent Bili, recebeu a reportagem de T&D a bordo no dia 1º de fevereiro para um rápido tour pelas dependências do navio, atracado no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro logo atrás do NAe São Paulo (A-12).
Projeto inovador em numerosas áreas de atuação, o L’Adroit possui na popa um eficiente sistema de lançamento de duas embarcações rigid inflatable boats (RIBs) tipo Zodiac Hurricane (uma delas equipada para Operações Especiais), passadiço e ponte de comando com design que permite a visão em 360°, mastro fixo único de tecnologia I-Mast, e apenas 32 tripulantes necessários para operar o navio, devido a extensa automatização e redundância operacional de seus sistemas.
O P725 tem capacidade de cumprir missões de vigilância marítima, proteção da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), luta contra a imigração clandestina, policiamento das pescas, luta contra os tráficos ilícitos e contra a pirataria, emprego de forças especiais, já que possui alojamentos extras para até 27 “operadores”, convoo na popa capaz de receber um helicóptero de 10 toneladas e hangar capaz de apoiar um helicóptero de até 5 toneladas, cumprindo inclusive missões de remoção de nacionais em cenários de crise internacional, se necessário.
Um drone de asas rotativas S-100 (Schiebel) está integrado aos sistemas do navio, armado na proa com um canhão automático estabilizado de 20mm e mais duas metralhadoras pesadas de 12,7mm em cada lado do passadiço.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Dimensões
Comprimento de 87 metros; boca: 11,7 metros; deslocamento de 1500 toneladas; calado de 3,2 metros; velocidade máxima 21 nós (4500 nm) 9 dias; velocidade patrulhamento 12 nós (7500 nm) 27 dias; velocidade econômica 10 nós (9200 nm) 39 dias; área coberta em 24 horas com velocidade de patrulhamento de 8000 nq².
Meios de coleta de dados/informação
Radar de vigilância combinada ar/superfície SCANTER 4102; radar de vigilância superfície SCANTER 6002; dois radares de navegação THEMYS; guerra eletrônica THALES (interceptor rádio, possibilidade interceptor radar); vigilância ótica/infravermelha EOMS NG e FLIR, tudo formando o Sistema de combate POLARIS + ligação de dados táticos (L11) / ADS-B / warship AIS; capacidade de recepção de uma célula de reforço SIC (testada e validada em operações).
Meios de comunicação
Conectividade de Satélite Inmarsat, Syracuse III; acesso às redes IP Internet, Intradef, Intraced (SIC 21); rádio 1 V/UHF, 2 UHF, 2 HF, 2 VHF Marine, 1 VHF AERO, 1 PR4G, L11.
Classe Gowind
O L’Adroit é considerado um “demonstrador de conceito” da Classe Gowind, planejada pela DCNS para crescer até o porte de uma corveta de quase 3.000 toneladas, passando por tonelagens e armamentos/sistemas intermediários, de acordo com os requerimentos dos potenciais clientes.
Isso inclui o projeto de 1.000 toneladas Sovereignty Enforcer Gowind control corvette, o intermediário de 2.000 toneladas High Seas Master Gowind presence corvette, e o desenho superior a mais de 2.000 toneladas Multi-Mission Combatant Gowind combat corvette, armado com canhão de 76 mm, mísseis antinavio e antiaéreos, etc.
Esses navios extremamente automatizados podem acomodar entre 50 a 75 tripulantes e tem uma velocidade máxima estimada entre 22 nós a 27 nós, com endurance (tempo de patrulha) de três semanas em alto-mar. O design da Classe Gowind faz uso extensivo de tecnologia Stealth, reduzindo a assinatura radar e térmica do projeto.
Santos Lab e o Carcará II no P725
Na passagem pelo Rio de janeiro, o L’Adroit recebeu a visita da empresa brasileira de ARP Santos Lab, selecionada pela DCNS após uma consulta no mercado brasileiro como parceira na integração do ARP Carcará II aos diversos modelos de navios patrulha produzidos pela DCNS.
O ARP Carcará, de valor pelotão ou companhia, já é utilizado há 10 anos pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil no Pelotão VANT (PelVant), e dentre outras qualidades, está preparado para realizar pousos em água salgada para posterior recuperação. Um exemplar do tipo ficou exposto no convoo do P725 durante a sua permanência no AMRJ.
Roberto Caiafa
(texto e fotos)