A partir de agora, segundo a empresa francesa, será possível transferir para o Brasil a tecnologia necessária para o desenvolvimento, fabricação e testes de soluções em acústica submarina para aplicação em sonares.
A Omnisys também receberá a documentação técnica, certificação das linhas de produção e treinamento de suas equipes locais para o desenvolvimento do produto.
Na atualidade, o Programa de Reaparelhamento da Marinha prevê a construção no Brasil de quatro corvetas CV03 Classe Tamandaré, e a Thales Underwater Systems propõe o sonar de casco KingKlip para esses navios novos e para a modernização das corvetas Classe Inhaúma e fragatas Classe Niterói, caso se concretizem.
Os sonares são um recurso estratégico, podem ser utilizados como instrumento de navegação, comunicação ou detecção de objetos na água ou em sua superfície; como meio de localização acústica ou para efetuar a medição das características dos alvos através da análise de seus ecos; e ainda podem ser incorporados em navios de superfície, submarinos e navios caça minas, bem como em pesquisas hidro oceanográficas, no monitoramento remoto de instalações submarinas e na proteção ao meio ambiente.
Encomenda do PROSUB
A Thales está fornecendo à Marinha do Brasil sonares de tecnologia para os submarinos DCNS Scorpene, no âmbito do programa PROSUB. Os dois primeiros conjuntos já se encontram em avançados estágios de fabricação na França e no Brasil.
“A inauguração reforça a posição do Brasil como um dos centros de excelência em alta tecnologia para o grupo Thales. Além disso, reiteramos o nosso comprometimento com o Brasil e com a América Latina transferindo tecnologia de vanguarda, produtos e serviços disponíveis, o que nos permite acompanhar de forma sistêmica os nossos clientes em seu desenvolvimento tecnológico. Também reforçamos, por meio desta inauguração, o nosso planejamento estratégico, que visa dobrar o nosso tamanho na América Latina até 2019”, afirmou Ruben Lazo, vice-presidente da Thales na América Latina.
Com a transferência de tecnologia para o Brasil, acadêmicos e outras empresas brasileiras também serão qualificados. Além disso, o Centro de Excelência em Sonares irá desenvolver e produzir subsistemas de sonares com base em estudos e projetos realizados por instituições de pesquisa brasileiras.
“O objetivo da companhia é criar uma infraestrutura industrial para trabalhar nas etapas de qualificação, apoio ao cliente e desenvolvimento de produtos – tendo como objetivo a comercialização no mercado nacional e internacional”, explicou Luiz Henriques, diretor da subsidiária da Thales do Brasil, Omnisys.
O Brasil possui uma extensa área marítima, assim como programas de defesa de médio e longo prazo. Com a inauguração do Centro de Excelência em Sonares, agora será possível atender a demanda do mercado nacional e da América Latina, já que a industrialização e manutenção de partes de sonares como transdutores (dispositivos que transformam a energia gerada pelas ondas sonoras em sinais elétricos) e antenas (responsáveis pela emissão e recepção dos sinais dos sonares, que são compostas por um conjunto de transdutores) será feita no País.
KingKlip
O sonar KingKlip, da Thales Underwater Systems (TUS), é um compacto e leve equipamento acondicionado em domo fixo instalado a meia-nau abaixo da linha dágua, no casco de navios de pequeno e médio porte.
Além da guerra ASW (anti-submarine warfare), sua função primordial, o KingKlip também detecta e emite alertas de torpedos, minas submersas e obstáculos suspeitos abaixo da linha de flutuação.
Operando na faixa de frequência entre 5,5 a 7,5 Khz, o KingKlip emite pulsos de 60ms a até 4 segundos, com várias opções de modulação. Em modo passivo (escuta), o equipamento tem um alcance de frequências entre 1 a 8 kHz.
O KingKlip pode ser complementado pelo emprego do sonar rebocado de profundidade variável CAPTAS, dotando seus operadores de uma complexa e sofisticada capacidade de guerra ASW, como visto nas fragatas Classe FREMM.
Roberto Caiafa
*A reportagem de T&D viajou até São Bernardo do Campo a convite da OmnisysThales