A família de blindados de combate da OTOKAR pode significar para a Cavalaria blindada brasileira o mesmo que o Centauro II foi para a mecanizada.
O Exército Brasileiro (EB) possui atualmente em carga 297 carros de combate, divididos em 220 Leopard 1A5BR, 42 Leopard 1BE e 35 M60A3 TTS, que junto com cerca de 600 M113, das versões BR, B e A2, formam a espinha dorsal da sua força blindada. Apesar de antigos, são blindados que atendem as necessidades da Força Terrestre, porém a defasagem tecnológica e o escasseamento de seus suprimentos logísticos, principalmente após o conflito russo-ucraniano, levaram o Estado-Maior do Exército (EME) a acelerar seu processo de substituição.
Em função disso, em outubro de 2022, foi iniciado o processo de prospecção de novas viaturas, em dezembro publica a Portaria Nº 877, aprovando a diretriz para a prospecção para aquisição inicial de 65 viaturas blindadas de combate carro de combate (VBC CC e 78 viaturas blindadas de combate de Fuzileiros (VBC Fuz) e, em agosto de 2024, o Escritório de Projetos do Exército (EPEx), lança o edital da consulta pública (“request for information”/ “request for quote” – RFI/RFQ) 02/2024 para sondar o mercado nacional e internacional sobre à possibilidade deste fornecimento, já dentro do Programa Estratégico do Exército Forças Blindadas (Prg EE F Bld), com o objetivo de assimilar novas capacidades operacionais e tecnológicas e iniciar as adequações na doutrina para sua utilização.
De acordo com o EPEx, respondendo a questionamentos de T&D, “11 empresas, de 10 países diferentes”, responderam RFI/RFQ, sendo que, na opinião do autor, a Otobus Karoseri Sanayi AS (OTOKAR) apresentou uma das propostas mais interessantes com o Tulpar.
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UM BLINDADO DE ULTIMA GERAÇÃO
O nome Tulpar vem de uma criatura mítica do folclore da Ásia Central, principalmente dos povos turcos, que se refere a um cavalo com asas, semelhante ao Pégasus grego e ao Chollima chinês, e representa bem o nome dessa família de viaturas blindadas de combate que une força e mobilidade.
Trata-se de uma plataforma multipropósito média, com grande modularidade e capacidade de atender aos mais exigentes requisitos ao utilizar as tecnologias disponíveis atualmente e com grande potencial de crescimento, alem de baixos custos logísticos, devido a utilização de chassi, subsistemas e componentes comuns em uma ampla gama de variantes, como a VBC CC, VBC Fuz e outras viaturas especializadas.
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Seu desenvolvimento é recente, tendo sido apresentado para o publico em 2013, durante a 11ª International Defence Industry Fair (IDEF), a principal feira turca voltada para a área de defesa, com o objetivo era criar uma nova família de blindados modernos para atender as demandas de uma força blindada em um teatro operacional em constante evolução, que necessita de alto grau de integração de sistemas e com uma grande capacidade de processamento de informações, ao mesmo tempo em que mantenha sua capacidade de sobrevivência, poder de fogo e mobilidade, com o mínimo suporte logístico possível.
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Sua proteção balística é variável, indo da versão básica com a STANAG 4569 Nível 2 (equivalente as VBTP 6×6 Guarani com blindagem adicional) até o Nível 6 (capaz de resistir a impactos de munições 30mm APSFDF), com a utilização de placas de proteção balística adicional (“add-on”) que podem ser rapidamente substituídas após serem atingidas. Alem disso possui proteção contra minas até o Nível 4b, suportando uma explosão de até 10kg sobre o centro da viatura.
Possui arquitetura eletrônica aberta que permite utilizar os sistemas e optrônicos a escolha do cliente, alem de facilitar a integração de componentes dispositivos em uso e de produção nacional para o cliente, ou seja, seu desenho foi feito já visando a utilização de quaisquer sistemas disponível na atualidade ou em desenvolvimento.
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Atualmente a OTOKAR oferece ao mercado mais de 10 versões do Tulpar (todas com motor frontal), indo desde a versão transporte de tropas (“armoured personnel carrier” – APC) até um carro de combate médio (“medium main battle tank” – MMBT), passando por várias viaturas especializadas, com pesos que variam de 28 a 45 toneladas. Seu conjunto de força (“powertrain”) que também podem variar com a versão e os requisitos do cliente, utilizando motores Caterpillar, MTU ou Scania com transmissão Allison ou RENK, variando a potência de 700 a 1100 HP, e a suspensão é do tipo barra de torção, com sete rodas de apoio duplas de cada lado.
Atualmente o Tulpar está participando de uma concorrência na Polônia e existem negociações avançadas com mais dois países.
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POR QUE ESCOLHER O TULPAR
O edital da consulta pública 02/2024 possuía 20 requisitos obrigatórios para a VBC CC e 21 para a VBC Fuz, além de 15 desejáveis para ambos, e o Tulpar apresentou conformidade para todos.
Na versão VBC CC, o Tulpar oferecido ao EB possui um peso bruto de cerca de 35 toneladas, com uma guarnição de quatro militares (comandante, atirador, carregador/auxiliar e motorista), com estações de comando de tiro independentes para o atirador e para o comandante, que possibilitam o engajamento de alvos diferentes, equipamentos de visão diurna e noturna, frontal e traseiro, sistemas de conscientização situacional de 360 graus, proteção NBC e proteção balística STANAG 4569 Nível 4 e sistema de proteção ativa Iron Fist APS.
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Seu principal sistema de armas é a torre Leonardo HITFACT MkII, a mesma que equipa as VBC Cav Centauro II, equipada com o canhão OTO-Melara de 120mm e 45 calibres, capaz de disparar todas as munições de padrão da OTAN ( STANAG 4385). Atualmente a empresas OTOKAR e Leonardo estão na etapa final de integração da torre ao Tulpar.
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Já a versão VBC Fuz, possui um peso de 35 toneladas, com uma guarnição de três militares (comandante, atirador e motorista) e capacidade de transporte de até nove militares totalmente equipados em assentos individuais e protegidos. Seu sistema de armas remotamente controlado (SARC) de calibre 30x173mm, com capacidade de disparar mísseis anticarro, podendo ser a ARES UT30MK2BR. Aliás, ambas as versões poderão ser também equipadas com a SARC REMAX 4.
O “powerpack” de ambas as versões é composto pelo motor Catterpilar C13, de 6 cilindros, com 720 HP a 2300 rpm, e transmissão Alisson 3040 MX, ambas, de acordo com a Otokar, estão fora da lista da International Traffic in Arms Regulations (ITAR) dos Estados Unidos e cujas empresas produtoras possuem plantas de fabricação no Brasil.
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A idéia da empresa é de não só produzir os veículos no Brasil, com total transferência de tecnologia e utilizando componentes brasileiros, mas passar a propriedade intelectual das versões brasileiras para o EB, que juntamente ao fato de ser “ITAR free” e “”BAFA free” (referindo-se ao Escritório Governamental de Controle de Exportação alemão que recentemente causou problemas ao embargar componentes para as VBTP Guarani exportadas para as Filipinas e o primeiro exemplar da VBC Cav Centauro II BR), garantirá total independência logística da Força Terrestre, possibilidade que não ocorre com os concorrentes ofertados pelos países da OTAN.
Com todas essas vantagens o Tulpar destaca-se como um dos mais fortes candidatos ao programa da Nova Família De Blindados brasileira.
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Respostas de 15
Excelente. O Brasil precisa de uma solução desse tipo. A Turquia é um parceiro de confiança e se estiver junto com as torres Leonardo, é a solução certa para o Exército Brasileiro. Estou na torcida.
Deveríamos seguir o exemplo Turco, indiano e até sul coreano e fabricamos nossos próprios projetos de defesa. há recursos e interesse para tal. mesmo que fique um degrau abaixo do estado da arte já será um desenvolvimento nacional da nossa base de defesa.
Boa tarde Paulo Bastos , é um equipamento muito interessante , principalmente no quesito de transferência de tecnologia dele , ter total independência tecnológica , já deixa o Tulpar em grande vantagem , embora o CV 90 seja um candidato fortíssimo , vamos torcer para que a análise de todos os pré-requisitos do EB , sejam cumprindas e que possa ser feito a melhor escolha para o EB , e para o fortalecimento da Base industrial de defesa Brasileira , ótimo conteúdo.
Al-Zarrar do Paquistão é interessante também.
gosto bastante do tanque da Turquia,sul-coreano, paquistanês e o indiano. o CV 90 é interessante também.
espero que este projeto venha para o Brasil assim como outros.
o EB merece as melhores ferramentas
Essa família de blindados com a torre do centauro é a melhor solução para o Exército. Precisamos urgente.
Dentre as opções apresentadas essa seria a melhor embora ainda seja um MMBT com cerca de 35 Ton. Acredito que a questão da blindagem seja o ponto fraco desse produto em detrimento aos demais MBTs puro sangue. Talvez fechar o pacote com transferência de tecnologia e depois desenvolver um MBT mais robusto e com proteção melhor seria a solução mais factível.
Duvido muito que esse projeto turco tenha uma chance real, no projeto o exército é muito conservador e provavelmente vai escolher ou um fornecedor que já ou que tem longa tradição de fornecimento de material,ou que seja de um país com quem o Brasil possua parcerias na área militar ou comercial ou ambas, por isso acredito que o CV90 e no Lynx.
O blindado em si é só o “casco”.
Acredito que o Tulpar possua soluções mais confiáveis na composição de seus equipamentos e armas.
Ficar amarrado a países ou empresas que não conseguem honrar acordos de longo prazo é um risco enorme.
Pode chegar a até 45 toneladas na versão MMBT de acordo com alguns sites estrangeiros.
Já que os turcos estão fazendo propostas bacanas, seria legal perguntar por curiosidade se não fariam uma promoção no combo Altay + Tulpar.
Realmente deveríamos adquirir esse Tulpar; com a transferência de tecnologia advinda da fabricação das viaturas em solo nacional estimularia a indústria bélica nacional à criar nosso próprio MBT, sendo que ele já poderia ser projetado para acomodar a torre/canhão da Leonardo.
Excelente plataforma com custos operacionais otimizados. Se o Exército Brasileiro errava esperando por uma plataforma que ainda não existia para atender seus requisitos, acredito que ela seja o Tulpar.
O Tulpar na versão Light Tank com canhão de 120 mm já está em operação?
Um dos requisitos do EB não se refere ao blindado estar em operação?
Proposta pra levar contrato hein, dificilmente se verá uma proposta melhor e acompanhada de um veículo que cumpre todos os requisitos e ainda tendo a comunalidade de uso da torre que padroniza uma logística de manutenção importantíssima. Vamo lá assinar o contrato junto com o do Centauro II EB, na LAAD em Abril, nunca te pedi nada!!!rs
Não sou favorável à essas adaptações que transformam viaturas de combate de infantaria em carros de combate. O carro de combate nos exércitos é o correspondente dos caças nas forças aéreas. Tem que ser o mais poderoso, resistente e moderno possível. Assim como um caça de primeira linha de uma força aérea não pode ser um treinador adaptado para avião de combate, um MGT não pode ser um improviso ou adaptação de uma viatura mais leve. MBT tem que ser Leopard, Abrams, K2, o Altay da própria Turquia, etc.