Proporcionando eficiência, economia de recursos e qualidade nas instruções, os sistemas de treinamento virtual são a chave para que se mantenha o adestramento para os desafios do moderno campo de batalha.
Qual é a forma correta de empunhar um canhão sem recuo, de pequeno porte, ou engajar um alvo por meio da mira de um fuzil de assalto, lidando simultaneamente com múltiplos objetivos do oponente, priorizando ameaças e as ordens recebidas por meio dos centros de comando e controle? Qual é a melhor maneira de solucionar as panes que podem ocorrer nos armamentos?
Preparar e adestrar uma tropa depende necessariamente da repetição e da massificação de procedimentos, técnicas e práticas que vão do manejo da arma, envolvendo montagem, desmontagem, remuniciamento, saque e empunhadura, ao tiro em condições adversas. Além disso, e em termos mais amplos, o emprego nos variados ambientes, diuturnamente e em condições adversas, também contribuem para a qualidade do treinamento.
A exigência para que sejam obtidos níveis de excelência resulta em grandes investimentos em material, munições, deslocamento para estandes de tiro e demais infraestruturas, bem como permanência mais prolongada fora de sede.
Com o aumento do realismo dos simuladores, o preparo da tropa é cada vez mais facilitado e superior em qualidade, quando comparado aos métodos convencionais em campo.
Contudo, encontrar o sistema que mais se adequa às necessidades do operador continua sendo um desafio. Alguns oferecem o treinamento individual para a formação do atirador. Outros incluem o adestramento coletivo, mas utilizando armamentos que não são exatamente aqueles que fazem parte do acervo da tropa.
O “Ground Combat Indoor Trainer” (GC IDT) da Saab reúne todas essas características.
AMBIENTE 100% SIMULADO
O cenário 3D de alta definição é projetado numa tela, inserindo o operador numa situação que inclui opções para inúmeros tipos de terrenos, condições meteorológicas e climas. Ao escolher o teatro de operações, progredindo do básico ao avançado, o militar começa treinando o manuseio correto do armamento, a tomada da posição de tiro mais adequada para o disparo, a utilização das ferramentas disponíveis, familiarizando-se com a mira e executando os primeiros tiros.
É nessa fase que procedimentos simples são executados até entrarem “na massa do sangue”, dando mais confiança e costume com a sensibilidade do gatilho e o peso do equipamento. Ao engajar um alvo, fixo ou móvel, o atirador vai perceber a balística do projétil e a influência do vento ao longo de sua trajetória, por exemplo. Também vai experimentar munições para diferentes aplicações e o seu resultado prático.
Progredindo para as etapas mais avançadas, ele passa a atuar num cenário de maior complexidade, recebendo ordens do instrutor, interagindo com outros membros da equipe, reconhecendo forças amigas e inimigas e treinando com outros que vão atuar em diferentes funções dentro de uma fração ou grupo de combate.
Os instrutores também controlam o ambiente do treinamento e inserem novos desafios e dificuldades para ampliar a qualidade do preparo. Em conjunto, conseguem repassar para os alunos, ao longo da missão, os ajustes necessários corrigindo falhas e eliminando eventuais vícios de procedimento.
ESTRUTURA COMPLETA
O GC IDT é composto por dois modelos. Na versão estática, pode abranger até 20 alunos num ambiente fechado de 10×15 metros com sistema de projeção em tela de 180º, 270º ou 360º. O cenário virtual tem uma área que varia de 5×5 a 15×15 km, possibilitando o uso de armamento de longo alcance. Por meio de um sistema de geração de gráficos de uso comercial (“commercial off-the shelf”), sons, explosões e outros efeitos são apresentados de forma realística.
Em relação aos cenários, junto ao realismo avançado, o próprio operador pode desenvolver ambientes rurais ou urbanos específicos para atender aos seus interesses de treinamento, modelando o terreno de modo a replicar a realidade de um local que será palco de alguma operação, trazendo mais segurança e eficiência à missão.
O local também abriga armários para guardar material administrativo, armamentos, estação dos instrutores e espaço dedicado ao recarregamento de CO2 usado nas armas para simular o recuo no momento do disparo.
Na versão portátil, é possível instalar o GC IDT em qualquer ambiente. Nesse caso, o funcionamento é por meio de dois laptops e de demais componentes que são acondicionados em embalagens resistentes, antichoque e a prova de água, pesando 65 kg e medindo 60x100x40 cm. Nessa configuração, até quatro militares podem treinar simultaneamente, porém é escalável até 20 pessoas. A mobilidade é a principal vantagem, pois o sistema pode ser transportado para perto de um cenário operacional real.
RÉPLICAS DE ALTA FIDELIDADE
A gama de armamentos integrados no GC IDT é ampla, passando de granadas e pistolas à fuzis, metralhadoras e armas anticarro. De acordo como deve ser treinado, o operador utiliza réplicas que simulam a dimensão, peso e funcionamento do armamento real. É nesse momento que os procedimentos são executados à exaustão até que o aluno faça o manuseio de forma “automática” e sem pensar.
Na simulação balística, somados aos efeitos que influenciam a trajetória do projétil como vento, pressão do ar e temperatura, são apresentados os efeitos no alvo com base no tipo de munição usada, velocidade, ângulo de impacto e outros.
Deve-se destacar o fato de que o sistema é resistente a falhas e a resultados imprecisos devido ao uso de um transmissor laser de grande precisão atrelado a uma câmera de alta resolução de 2048×1088 pixels e 800 fps, atuando como receptora.
Apesar de estar dissociado de outros sistemas, no ciclo completo do adestramento, o GC IDT é considerado uma ferramenta importante na progressão do treinamento básico da tropa do cenário virtual para instruções de alta complexidade em ambientes com centenas de soldados no terreno usando armamento real e munição de festim, como é o caso do DSET da Saab em uso pelo Exército Brasileiro e por outras nações no mundo.