O New Space brasileiro – Ao infinito e além

O setor aeroespacial é uma peça-chave para o desenvolvimento de qualquer país e, no Brasil, tem um papel ainda mais estratégico, uma vez que este segmento brasileiro possui relevância internacional. Diante desse cenário repleto de oportunidades, o chamado “New Space” tem ganhado força como um movimento que visa estimular o ecossistema espacial, descentralizando o conhecimento e a produção de novas tecnologias, além de democratizar o acesso aos serviços satelitais, como forma de impulsionar o mercado e o desenvolvimento do setor.

Navegando nessa nova economia, que pode colocar o Brasil em uma posição de destaque, novos negócios têm surgido de maneira acelerada. Mais investimentos serão necessários nesse setor nos próximos anos.

Empresas brasileiras estão implementando projetos ousados na área de tecnologia, visando atender a uma demanda latente não só no Brasil, mas em todo o mundo. É o caso da Concert Technologies, que criou recentemente uma unidade de negócios exclusiva para o setor aeroespacial: a Concert Space.

A unidade nasce com um portfólio de produtos e serviços voltados para o setor aeroespacial, com um enorme potencial de explorar as oportunidades e realizar importantes parcerias. Esta oferece sistemas de Sincronização, Top-Decolagem, Sistema de Controle Operacional e Disparo (SCOD) e Sistema Integrado de Tratamento de Dados de Rastreio (SITDR). Além disso, desenvolve produtos sob demanda – embarcados ou não, tanto para o Segmento de Solo, quanto Espacial.

A Concert atuou na Missão Espacial Completa Brasileira (MEC-B) desde a origem do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado no Maranhão, dominando as tecnologias necessárias ao controle das operações de lançamento e desenvolvendo soluções personalizadas ao contexto do Centro.

Ao longo de 40 anos, a Concert desenvolveu vários sistemas operacionais para o CLA e também para o Centro de Lançamentos da Barreira do Inferno (CLBI), em Natal (RN). Entre eles, os de Sincronização, que garantem a sinergia temporal de todos os sistemas envolvidos nas operações e fazem a contagem regressiva para os lançamentos, os sistemas que monitoram e rastreiam o voo do foguete, e os Sistemas de Disparo e Top-Decolagem.

A Concert também é especialista em sistemas de operações críticas em tempo real, tendo participado de um dos maiores projetos desenvolvidos no Brasil em prol do monitoramento e proteção da Amazônia – o SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia). A empresa desenvolveu um módulo para identificar ligações clandestinas via rádio e outro para checar a disponibilidade de toda a infraestrutura crítica de TI do sistema.

Projetos espaciais

Atualmente, a Concert está executando, junto com parceiros, a encomenda tecnológica promovida pela FINEP/AEB para desenvolver uma plataforma inercial e computador de navegação de um lançador de satélites. O produto derivado desse projeto tem inúmeros usos em outros mercados, caracterizando-se como uma tecnologia dual, com aplicação tanto no setor aeroespacial como na indústria. Pode ser usado, por exemplo, no controle de navegação de drones e na estabilização de plataformas de exploração de petróleo.

“Temos vários ativos tecnológicos que constituem uma área de atuação distinta das nossas outras unidades (Engenharia, Lab e Thingable). Essa é uma das razões de criar uma identidade própria para um segmento de mercado. Além disso, o conceito de New Space abre novas oportunidades de negócios, que podem ser melhor exploradas através de uma unidade de negócios mais identificada com o setor”, ressalta o presidente do Grupo Concert Technologies, Ângelo Fares.

Segundo o executivo, a Concert Space manterá sua oferta de serviços especializados para os centros brasileiros e procurará ofertar serviços para as empresas que visam acessar o espaço a partir de Alcântara. Numa visão de médio prazo, a Concert Space pretende operar uma constelação de satélites de baixa órbita para imageamento inteligente e serviços de IoT.

Aplicações

As viagens espaciais, satélites artificiais, sondas e tantos outros instrumentos são fundamentais para embasar pesquisas em múltiplas áreas do conhecimento, facilitando a vida das pessoas e possibilitando o estudo dos fenômenos naturais e mudanças climáticas. Os impactos sociais e econômicos são grandes. Vários setores podem usufruir das soluções criadas, como acontece hoje com a agricultura, que utiliza dados de satélite para melhorar a produção, identificando até o nível de umidade para prever como será a colheita.

Praticamente todas as atividades humanas têm hoje alguma relação com o setor aeroespacial. Sinais de telefone, navegação (GPS), TV, rádio e serviço de meteorologia, por exemplo, são alguns dos recursos que não conseguimos mais imaginar o mundo sem eles.

O setor aeroespacial é, ainda, uma ferramenta importante de conservação ambiental, permitindo ao Brasil cumprir com mais agilidade e efetividade os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Isso envolve tecnologias como sensoriamento remoto, IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial, incluindo aí o patrulhamento de fronteiras por meio de câmeras e microfones de alta sensibilidade.

“As tecnologias espaciais possibilitam a realização das mais diversas experiências. E, a partir do momento em que compreendemos melhor o funcionamento do nosso planeta, podemos desenvolver meios para preservá-lo”, ressalta Ângelo.

Mercado aeroespacial

A indústria aeroespacial compreende atividades de pesquisa, projeto, fabricação e operação de aviões, foguetes e outros veículos de transporte aéreo e espacial. As aplicações podem se dar no campo militar, industrial ou comercial. O Brasil possui uma relevância internacional neste setor, com participação importante na Base Industrial de Defesa (BID), respondendo por cerca de 40% do número de empresas e 25% dos funcionários, fornecendo uma variada gama de produtos e serviços, desde aviões, helicópteros, satélites e veículos lançadores, até seus conjuntos e partes estruturais, sistemas e equipamentos embarcados. De acordo com estudos recentes, a indústria aeroespacial também representa uma exceção dentro da estrutura produtiva brasileira, pois é a única indústria de alta tecnologia do Brasil que possui uma inserção ativa no mercado internacional.

Lançamento de sonda no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno.

Estima-se que, a cada R$ 1 investido, o setor espacial retorna entre R$ 10 e R$ 20 para a economia do país, seja na forma de salários, de impostos, de faturamento, ou de crescimento de valor agregado das empresas. “O investimento no setor aeroespacial não é só uma oportunidade de mercado, é também um caminho sem volta”, avalia Ângelo.

Analistas da Morgan Stanley estimam também que o mercado atual da indústria espacial saltará dos atuais US$ 350 bilhões para mais de US$ 1 trilhão em 2040, por meio das iniciativas de “New Space”, envolvendo centenas de empresas de todos os portes, que estão reduzindo drasticamente o custo de satélites e de seus lançamentos. O mercado de comunicações para IoT também é um dos motores do “New Space”, sendo estimado pela EuroConsult um volume de negócios de US$13,5 bilhões entre 2022 e 2030.

“Não é qualquer país que possui a capacidade de colocar satélites em órbita. O Brasil está numa posição privilegiada, pois o Centro de Lançamento de Alcântara está pronto para receber operadores de todo o mundo. E isso tem um poder enorme de atração de novos investimentos e tecnologias. A oportunidade está aí e pode nos trazer benefícios em escala”, avalia Ângelo.

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Uma resposta

  1. A DEFESA{GUERRA ESPACIAL}; REQUER SATÉLITES DE VIGILÂNCIA/DEFESA/ATAQUE CONTRA OUTROS SATÉLITES, E ATAQUE A ESTRUTURAS NO SOLO.
    O BRASIL, TEM POTENCIAL QUASE ILIMITADADO NESSA ÁREA, SENDO NOSSO PAÍS PRIVILEGIADO PELA SUA POSIÇÃO GEOGRAFICA.

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