Ao concluírem o Curso de Formação de Oficiais Aviadores na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), os recém-declarados Aspirantes a Oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) seguem para a Ala 10, em Natal (RN) onde realizam o curso de especialização na aviação a qual seguirão as suas carreiras.
Aqueles que optaram pela Aviação de Caça passam a integrar o 2º/5º GAV “Esquadrão Joker”, voando os turboélices Embraer A-29B Super Tucano.
Ao longo de aproximadamente 10 meses, os alunos fazem o módulo básico, que envolve a sua adaptação à aeronave, aos seus sistemas, explora as manobras básicas, procedimentos de emergência e segue cumprindo o mesmo roteiro em voos noturnos. A progressão inclui voos em formação com duas aeronaves, navegação tática com dois e quatro aviões, formação operacional, navegação por contato e por rádio.
No módulo avançado, o aspirante passa a explorar o sistema de armas do A-29 e as táticas e doutrinas da Aviação de Caça nesse sentido.
Poder de fogo e tecnologia de um caça de 4ª geração
O Super Tucano é conhecido pelo seu elevado poder de fogo e pela variedade de armamentos que pode transportar. São 1.550kg de cargas externas que podem ser combinadas em diversos tipos de configurações.
Organicamente, possui duas metralhadoras FN Herstal M3P calibre .50 polegadas (12.7mm) incorporadas às suas asas, com 250 tiros cada. Nos quatro pontos subalares e um ventral pode levar bombas de emprego geral Mk 81 (119kg), BAFG-120 (nacional, de 128kg), Mk 82 (227kg), BAFG-230 (248kg), lançadores de foguetes de Equipaer EQ−LMF−70/7, para sete foguetes de 70mm cada e Equipaer EQ-LMF-70/19, para 19 foguetes de 70mm cada.
Para treinamento, leva o pod SUU-20 com capacidade para seis bombas de exercício BDU-33 (ou a nacional BEX-11) e quatro foguetes de 70mm. Os tanques de combustível incluem até três, um ventral e dois subalares, de 294 litros cada. O sensor é o Star Safire I, mas que não é usado na instrução pelo Joker.
O Super Tucano se mostra como uma plataforma ideal para a formação do piloto de caça da FAB. Isso porque reúne uma série de tecnologias que são similares ao que o aluno vai encontrar quando voar os Northrop F-5EM, Embraer AMX A-1M e, em breve, os Saab F-39 Gripen.
Isso inclui a simbologia apresentada pelos dois displays multifuncionais e coloridos de 6×8 polegadas cada; o head-up display (mostrador digital ao nível dos olhos) que exibe as principais informações táticas e de voo para o piloto, permitindo que esse concentre a sua atenção para o lado externo ao invés de ter que monitorar esses parâmetros olhando para o painel do cockpit; a presença do data link e o sistema HOTAS (hands on throttle and stick), em que os principais comandos de voo e táticos estão concentrados no manche e na manete de potência.
No início da operação do Super Tucano como uma plataforma de formação de pilotos de caça, havia dúvida se o aluno necessitaria de uma transição num jato antes de progredir para tipos a jato ou supersônicos. Porém, o tempo mostrou que a tecnologia embarcada é mais importante no processo de formação do que a motorização em si.
Chuva de fogo em Maxaranguape
Ás no mergulho. A mensagem curta e objetiva ouvida na fonia do rádio indica que o piloto, em poucos segundos, vai abrir fogo com o seu armamento no estande de tiro operacional em Maxaranguape, próximo à Ala 10, para fazer o emprego armado nas missões de treinamento ar-solo com o Super Tucano.
“Ao iniciar a campanha de emprego ar-solo do Curso de Especialização Operacional na Aviação de Caça (CEO-CA), os futuros pilotos de Caça da FAB se capacitarão a operar o Super Tucano como plataforma de armas, utilizando-se das diversas modalidades de emprego de armamento contra alvos no solo. Nesta fase, os futuros pilotos se adestrarão a exercer as funções de alas operacionais de uma esquadrilha de aeronaves de Caça e empregarão o Super Tucano equipados com lançadores de foguetes, lançadores de bombas de exercício e metralhadoras. Dessa forma, esses jovens militares dão o primeiro passo na sua capacitação para emprego de armamentos na plataforma A-29 em toda a sua gama bélica. Esta ocasião também marca o início do ciclo da fase avançada do curso., ciclo esse que seu fim será coroado com o emprego de bombas reais, do tipo para emprego geral, que consagrará o término do estágio de formação a alas operacionais da Aviação de Caça” explica o tenente-coronel José de Almeida Pimentel Neto, comandante do 2º/5º GAV “Esquadrão Joker”.
Maxaranguape oferece uma estrutura moderna e segura para esse tipo de atividade, que conta com uma equipe de solo responsável pela manutenção dos alvos e por auferir os acertos de cada um dos alunos durante as missões.
“Esse momento na vida destes futuros pilotos de combate é tido como um ponto de inflexão, pois esse é o primeiro contato dos aspirantes do CEO-CA com as missões, propriamente ditas, inerentes à Aviação de Caça – o emprego de armamento real. Com esse treinamento técnico, o estagiário terá adquirido as habilidades necessárias para executar algumas ações de Força Aérea, como Ataque e Reconhecimento Armado, nas fases mais avançadas do curso e em sua vida operacional. Além disso, os conhecimentos básicos adquiridos nesta ocasião servirão como pilares sólidos para que os pilotos continuem sua progressão operacional nos esquadrões do Terceiro Grupo de Aviação as qualificações como Controladores Aéreos Avançados, missões essas empregadas pelo Super Tucano em cenários para apoio a Forças de Superfície.
Os aspirantes a piloto de Caça alegam que esse é um dos momentos mais aguardados por aqueles que sempre sonharam em ser pilotos dessa aviação. Ao se mencionar a Aviação de Caça, fatalmente pensamos no uso de armamento contra algum alvo. Portanto, essa fase é extremamente motivante aos estagiários, pois esses reconhecem a sua evolução como pilotos e progridem nas missões com graus de responsabilidade e complexidade cada vez maiores”, completa o tenente-coronel Pimentel.
Posteriormente, os alunos entram na etapa do tiro ar-ar, onde também irão explorar outras técnicas e doutrinas do combate aéreo como manobras básicas 1×1, interceptação vetorado por controladores de solo, ataque operacional, escolta e outros.
Ao término do curso os alunos são declarados 2º tenentes e habilitados para voar como alas, na posição número 2 numa formação com dois aviões, e na posição 2 e 4 numa formação com quatro aviões.
Para saber mais sobre a formação do piloto de caça na FAB, leia a edição 146 da revista Tecnologia&Defesa.
Livro completo sobre o Super Tucano pode ser adquirido em https://www.amazon.com.br/EMB-314-Super-Tucano-Turboprop-Continues/dp/0997309245
E não perca o documentário Joker – Escola de Pilotos de Caça. Assista o trailer aqui: youtube.com/c/HunterPress
Respostas de 2
Essa foto de ascensão do Tucano ficou linda, sei que o orçamento ta curtim, mas sonhar não mata, poderemos ver algum dia a atualização da frota para a versão atualmente sendo empregada no EUA ou pelo menos a compra de mais unidades pra repor as perdas? sa pensando em uma integração de tucano + drone ala da Embraer quem sabe
A pretimosa revista Revista Tecnologia & Defesa lançou o nº 164 porém, o anterior recebeu nº 165. Creio que houve um equiívoco que deve ser explicado aos aficcionados em matéria de defesa e aos colecionadores em geral.