Conforme publicado no Boletim do Exército nº 17/2021, de 30 de abril, a portaria EME/C Ex nº 379, aprovou a diretriz de início do projeto de modernização da Artilharia rebocada da Força Terrestre (EB), constituindo uma equipe para estudar a viabilidade da aquisição e revitalização de 86 obuseiros M119A2, de 105mm, dos estoques do Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos (DoD), junto a materiais para a sua operação, através do “Foreign Military Sales” (FMS). O grupo será coordenado pelo general-de-brigada Luciano Batista de Lima, comandante da Artilharia Divisionária da 5ª Divisão de Exército (AD/5) e terá 90 dias para concluir o trabalho.
Esse projeto está incluído no Subprograma Sistema de Artilharia de Campanha (SPrg SAC), integrante do Programa Estratégico do Exército Obtenção da Capacidade Operacional Plena (Prg EE OCOP), levando em conta as demandas do combate moderno e as necessidades de mobilidade tática. O principal objetivo é substituir os atuais M101AR já com 75 anos de uso e, futuramente, os L118 e M56 Oto Melara.
Aliás, os Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) mantêm, como obuseiros de 105 mm, 140 peças do M101 norte-americano, com alcance máximo de 11,1 km; 54 do Oto Melara M56 italiano, com 10 km de alcance e 35 anos de serviço; e o 40 do L118 Light Gun britânico, capazes de bater alvos a 19 km e utilizados há 25 anos.
Dentre os encargos atribuídos ao grupo de estudos podem ser destacados:
- Avaliação da capacidade de revitalizar os obuseiros pelos parques regionais de manutenção e arsenais de guerra, da Diretoria de Fabricação (DF), de forma escalonada e anual;
- A inserção no sistema digitalizado de Artilharia de Campanha (SISDAC) para proporcionar integração entre o subsistema linha de fogo e os demais componentes da Arma;
- Viabilizar uma estrutura de logística, utilizando a Base Industrial de Defesa (BID), incluindo a fabricação da munição e a nacionalização da cadeia produtiva para suprir as necessidades dos equipamentos ópticos de pontaria (lunetas, quadrantes de nível, entre outros);
- Produzir, por intermédio do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) ou pela IMBEL, materiais convencionais de direção de tiro (tabela numérica e conjuntos de réguas de tiro e de sítio), prevendo a distribuição para os grupos que receberão o material e, especialmente, para os estabelecimentos de ensino.
A previsão inicial é que, caso adotado, os M119A2 possam operar, no mínimo, por 30 anos.
O obuseiro
O M119 foi desenhado e fabricado pela Royal Ordnance Company, em Nottingham, Inglaterra, como o L118 / L119 British Light Gun. Uma bem sucedida participação na Guerra das Falklands/Malvinas, em 1982, despertou grande interesse internacional e o transformou em sucesso de vendas, tendo sido adotado por diversas forças militares mundo afora como o EB e o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.
O Exército dos Estados Unidos (US Army) adquiriu a licença de produção e passou a produzir a arma no Rock Island Arsenal, em Illinois, com a denominação M119, introduzindo diversas modernizações e atualizações no projeto ao longo de seu emprego.
Em 1998, iniciou o chamado “Light Artillery System Improvement Programme (LASIP) Block I”, que adicionou um sistema recuperador de baixa temperatura, tampa de acesso aprimorada, conjunto de luz traseira simplificado, suportes para incluir um cronógrafo e sistema de computador de tiro e aumentou o diâmetro do freio de boca. Também aconteceram modificações para reduzir a manutenção e aumentar a vida útil. As peças que passaram por esse programa foram redesignadas como M119A1.
Já nas melhorias trazidas pelo LASIP Block II a caixa de engrenagens de elevação foi redesenhada tendo sido retirado o trítio radioativo do controle de incêndio. Também foi mudado o recuo e o hardware de monitoramento, um novo “buffer”, um sistema mais eficiente de compactador/extrator e uma barra de rolagem para minimizar os danos durante o lançamento por paraquedas. Essas alterações foram concluídas em 2004 e os obuses modificados passaram a M119A2.
O M119A3 é a versão mais avançada e entrou em serviço em 2013. Está equipada com controle de fogo digital e unidade de navegação inercial auxiliada por GPS, permitindo a utilização de munições guiadas, e capacidade de entrar e sair da posição de tiro de forma mais rápida.
Respostas de 15
A Artilharia brasileira se consolidando como a mais poderosa e a mais moderna da América Latina. Mais uma excelente aquisição à custos modestos. Parabéns.
Nossa !
86 obuseiros é uma boa demanda para qualquer industria.
Não seria viável a fabricação deste tipo de equipamento localmente?
Seja por desenvolvimento próprio, cooperação ou transferência de tecnologias (já que nesse último caso, acredito eu não haver embargos).
Para cooperação, como já descrito por mim antes temos o projeto CALIV Argentino.
Uma cooperação entre os países, ou mesmo aquisição do projeto ou financiamento pelo Brasil, tendo como empresas locais a Inbel, Taurus, siderúrgicas nacionais etc, seria muito interessante.
Como transferência de tecnologias temos os BRIC,s, países da América do Sul etc.
Acho que temos que investir pesado em sistemas de armas nacionais e deixar de fabricar plataformas (ao menos no primeiro momento).
Assim como fez e faz Israel até hoje.
”Fazer projeto com pobre é mendigar pra dois.”
Não existe, na AL, um consenso de desenvolvimento tecnológico conjunto. Cada país trata de comprar ou desenvolver aquilo que lhe convém, fato. Veja que, até o momento, a Argentina sequer toca em relação ao KC-390, que por sinal, também fazem parte do programa. Agora, me parece que está sendo consolidado o 6×6 Guarani para eles, mas, criar expectativas em cima disso é demais! Para que o Brasil possa jogar pra frente os 6×6, é preciso que a Argentina demonstre sua capacidade em manter o contrato, coisa que, até o momento, em relação ao KC-390, não vemos absolutamente nada por parte deles. Então, falar em projeto CALIV Argentino, em parceria com o Brasil, também é demais! Duvido muito que tal projeto iria pra frente sem desvios de linha por parte deles. Sou do lado que o Brasil precisa desenvolver muito mais sua Base Industrial de Defesa e largar os países da AL comprar ou desenvolver o que quiserem.
Caro Wellington S, em partes concordo com você.
Mas nós brasileiros somos o “máximo”, queremos que comprem o que nem nossos militares compram.
Veja os exemplos do Gaúcho, Patrulheiro da Amazônia, Guará 4WS etc.
Material militar é diferente de produto comum, país algum do planeta compra o que o fabricante não usa.
Ou seja, não adianta querer exportar o que os nossos militares não comprarem.
Como já escrito aqui anteriormente por mim, o problema está em nós também, pois o próprio Guarani havia interesse da Argentina em versão 8×8, aí demoramos tanto para tropicalisar o Centauro (como fizemos com a versão 6×6) que a Argentina buscou outros fornecedores.
O mesmo serve para o patrulheiro da Amazônia em parceria com a Colômbia.
A MB relegou verbas ao projeto hiper importante (devido a situação da flotilha da Amazônia) que acho que o programa acabou.
A própria Colômbia tem o projeto defesa costeira, porquê não cooperar com eles oferecendo o MANSUP, radar OHT-100 e mais sistemas que possuímos em troca de sistemas que eles possuem e implantação do projeto aqui também.
Perú e Colômbia possuem excelentes empresas de construção naval e com excelentes produtos, porquê não buscamos oferece-los o projeto CCT/CPN ?
Mas a MB resolveu apostar num “puxadinho” do projeto Meko-100.
O brasileiro precisa aprender a se voltar para si e seus vizinhos, continuaremos como meros compradores e usuários e expectadores de um mundo cada vez mais tecnológico.
Até mesmo os EUA uma potência econômica e militar, preferiu adquirir os direitos de produção junto ao Reino Unido do que desenvolver um obuseiro localmente.
https://veiculosearmamentosmilitares.blogspot.com/2019/07/m119-obus_31.html
A diferença é que os estados unidos podem se dar o luxo de fazerem isso, pois possuem uma indústria própria diversa, poderosa e altamente rentável.
E tecnologias de canhões não sofrem embargos como mísseis por exemplo.
Agora nós, além de não termos uma indústria própria, ela não é diversa e altamente rentável.
Sem falar no fato do estado (através das FAAs) não seren os maiores compradores e incentivadores desta indústria.
E a história tem mostrado que nação alguma do planeta prosperou ou venceu alguma guerra dependendo de tecnologia ou equipamento de outro país.
Quem não aprende com a história está fadado a repetir os erros no futuro.
Prezados,
Uma notícia alvissareira, há muito tempo que os discípulos de Mallet esperam um substituto para os vetusto M101.
Espero que o estudo vá adiante e estas bocas de fogo venham compor nossa ordem de batalha.
Há muito se comenta a aquisição do M119 A2 e do M198, e ambas são tidas como opções bem viáveis, mesmo demandando uma certa revitalização.
Principalmente diante das restrições orçamentárias, que nos colocam numa condições, onde o “melhor equipamento” é aquele que se pode adquirir, empregar e manter.
Ao meu ver, estas peças são apenas parte de um grande projeto de renovação do SAC do EB.
E inicialmente mobiliarão parte dos Grupos que empregam o M101.
Mas que posteriormente estes obuseiros serão repassados para unidades de deslocamento rápido, tais como unidades de montanha, selva, pqd e aeromovel.
Cabe destacar que no projeto de reestruturação do EB, algumas BDAs INF MTZ passarão a ser classificadas como BDAs INF LEVE.
As demais unidades, da Arma Dos Fogos Longos, deve ser mobiliada com peças no calibre 155 mm.
A Força Terrestre vai se valer das opções que tem ao seu alcance no momento, para elevar o poder de fogo da sua artilharia.
Pelo que escuto, em conversas com o pessoal da ativa, vamos ficar assim:
No calibre 105 mm vamos de M119 e L118, podendo acontecer uma modernização nos L118 e L119 afim de padronizalos, com isso teríamos 126 peças de a 105 mm.
No 155 mm vamos de M 109 e suas variantes, M198, uns poucos M777 para compor uma futura Força Expedicionária e com um pouco mais de esforço um OAP SR para as BDAs MEC.
É com fogo que se ganha as batalhas!
Não seria mais vantajoso comprar os M-777 de 155mm ? Deve ser mais caros mas são mais modernos e ficariam em serviço por mais tempo ! Além de ter um calibre mais potente !
A ideia, há alguns anos atras, era adquirir um misto de M198, para as brigadas, e M777, para a Artilharia divisionária, substituindo completamente os 105mm por 155mm, porem o custo e outros fatores inviabilizaram o programa.
M777 é 3,5 milhões de dólares a unidade. Inviabiliza. Talvez o CFN adquira uma bateria a 6 peças. Eb não
86 peças para substituir 140 ?
Inicialmente, caso o programa levado adiante, seriam adquiridas 86 peças, via FMS.
A ideia é adquirir mais para padronizar toda a artilharia de 105 mm da Força.
Boa noite, caro Bastos embora atrasada essa padronização, saúdo essa possibilidade e penso que deveria ocorre em outras áreas até por questões de logística e uma maior integração entre as forças.
Bommm.. uma parte da questão está resolvida. Resta saber como fica o 155mm.
Show!! Agora vamos partir para o 155 mm. O M777 seria ótimo!!