O dia 21 de fevereiro de 1945 será lembrado, para sempre, como um dos mais gloriosos da história do Exército Brasileiro. Naquele dia, a conquista do Monte Castello, na Cordilheira dos Apeninos italianos, constituiu admirável exemplo da bravura, abnegação e tenacidade do soldado brasileiro. Nesse local, os pracinhas lutaram arduamente e venceram os adversários alemães, que estavam fortemente entrincheirados em uma situação dominante do terreno, de onde batiam com fogos precisos todas as vias de acesso que levavam à sua posição.
Naqueles anos, desenrolava-se a II Guerra Mundial. O Brasil declarara guerra aos países do Eixo, Alemanha, Itália e Japão, depois de ter sido agredido com o afundamento de vários navios mercantes de bandeira nacional, um terço dos quais em seu próprio mar territorial. A decisão governamental de declarar a guerra foi amplamente respaldada pela Nação brasileira, profundamente chocada com os naufrágios e a perda de centenas de vítimas inocentes. Tomada a decisão, teve início a preparação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que seria enviada para combater na península italiana, como parte das forças aliadas empregadas no Teatro de Operações europeu.
Depois de uma complexa preparação ainda no Brasil, que incluiu mudanças organizacionais e doutrinárias profundas, além da adaptação ao novo material bélico norte-americano, o 1º escalão da FEB desembarcou em 16 de julho de 1944, em Nápoles, onde prosseguiu o seu adestramento. Em 15 de setembro, o Destacamento FEB já estava em operações na região do Rio Sercchio, onde colheu as primeiras vitórias para as tropas brasileiras. Desta fase, sobressaem a ocupação de Camaiore, Monte Prano, Fornaci e Barga, gloriosos e indeléveis marcos da campanha da FEB na Itália.
Na fase subsequente e já com o seu efetivo reforçado, a 1ª Divisão de Infantaria da FEB recebeu uma frente extensa para manter no Vale do Reno, no terreno montanhoso dos Apeninos, lugar em que desenrolou-se a defensiva de inverno, junto à Linha Gótica ocupada pelos alemães, fase essa marcada por incessantes ações de inquietação pelo fogo e intensa atividade de patrulhas, por ambas as partes, e algumas ações ofensivas de maior vulto.
Nesse contexto, em 21 de fevereiro de 1945, aconteceu o derradeiro ataque ao Monte Castello, elevação dominante à frente das linhas brasileiras. Às 5h30 daquele dia, a 1ª Divisão de Infantaria da FEB iniciou o ataque liderado pelo 1º Regimento de Infantaria depois de uma forte preparação de Artilharia. Após 12 horas de violentos combates, agravados pelo terreno escarpado e pelo frio do inverno na cordilheira, elementos do 1º Batalhão de Infantaria atingiram o topo do monte. Na sequência, frações dos demais batalhões começaram a chegar, materializando, finalmente, a conquista do objetivo e o triunfo das armas nacionais.
Monte Castello caiu, mas a um custo elevado. Entre mortos, feridos e desaparecidos, foram mais de 478 baixas, representando a terça parte de todas as perdas da campanha da FEB. Somente no último ataque, foram 103 baixas para selar a conquista do “monte maldito”, como os soldados assim o chamavam. Aqueles mesmos soldados, que como nós juraram morrer pela Pátria, se preciso fosse, levaram esse compromisso às últimas consequências. Foram disciplinados, cumpridores do seu dever, destemidos, verdadeiros heróis que lutaram por um mundo melhor de liberdade e democracia para todas as nações, inclusive para o Brasil.
A Tomada de Monte Castello significou não somente a conquista de um objetivo militar estratégico, que conduziu a FEB a expressivas vitórias, culminando no rompimento da Linha Gótica e contribuindo para a ofensiva no Teatro de Operações da Itália. A conquista de Monte Castello também significou a demonstração inequívoca do valor do soldado brasileiro, que soube superar as adversidades, buscando a vitória final. Aos que lutaram em Monte Castello, verdadeiros heróis brasileiros, o preito de orgulho e reconhecimento dos soldados de hoje pelo sacrifício em prol da liberdade.
HOJE E SEMPRE, HONRA E GLÓRIA AOS ETERNOS HERÓIS DE MONTE CASTELLO!
General de Exército Edson Leal Pujol
Comandante do Exército