A interoperabilidade entre os projetos RDS-Defesa, Link-BR2 e MDLP

Na semana de 14 a 18 de dezembro, ocorreram dois eventos onde foi possível demonstrar a integração entre os três projetos do Programa de Interoperabilidade Técnica de Comando e Controle (INTERC2) do Ministério da Defesa (MD): o Projeto RDS-Defesa (Rádio Definido por Software de Defesa), sob responsabilidade do Centro Tecnológico do Exército (CTEx), do Exército Brasileiro (EB); o Projeto Link-BR2, da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), da Força Aérea Brasileira (FAB); e o Projeto MDLP (Multi Data Link Processor, ou Link Processador Multi Dados, em português), da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), da Marinha do Brasil (MB).

O Rádio Definido por Software de Defesa (RDS-Defesa), projeto sobre a responsabilidade do CTEx, não é mais um conceito, mas um rádio operacional (Fotos: CTEX) 

Dentre os objetivos do Projeto RDS-Defesa, destaca-se a pesquisa e desenvolvimento de uma família de rádios veiculares e portáteis (manpack e handheld), baseados na tecnologia de Rádio Definido por Software, além do desenvolvimento de Formas de Onda de Defesa, provendo meios para se alcançar a interoperabilidade nas comunicações táticas das Forças Armadas.

No dia 16, uma equipe formada pelo major Robson França de Moraes e pelo tenente Victor Bramigk, engenheiros militares do CTEx, participou de uma demonstração do RDS-Defesa nas instalações da empresa AEL Sistemas, em Porto Alegre (RS). A demonstração ocorreu durante a visita de autoridades para acompanhar a Campanha de Ensaio em Voo do Projeto Link-BR2 embarcado no F-5M. Estavam presentes o Comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, e o Chefe de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante de esquadra Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar. Na ocasião, foi demonstrada a operação da 1ª versão do RDS-Defesa veicular com a plataforma de rádio utilizada no Link-BR2 e embarcada no F-5M para o teste em voo.

No dia 17, a MB realizou a Prova de Conceito (POC) de seu MDLP, um sistema que pretende integrar todos os links de dados das Forças Singulares em um teatro de operações. Duas unidades do RDS-Defesa foram inseridas nessa Prova de Conceito simulando dois nós de um link de dados do EB que se comunicavam em Rádio Frequência. As seguintes Organizações Militares da MB participaram da citada Prova de Conceito: Comando de Operações Navais (ComOpNav), Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), Centro de Tecnologia da Informação da Marinha (CTIM) e Centro de Análise de Sistemas Navais (CASNAV).

Na Prova de Conceito do MDLP, duas unidades do RDS-Defesa simularam a comunicação de dois nós de um link de dados do EB. Um dos rádios recebia de um simulador os acompanhamentos do link do EB e os transmitia, e o outro rádio recebia os acompanhamentos e os repassava ao MDLP. Com isso, foi possível trazer à realidade um conceito há muito tempo perdido por nosso país: comunicações militares em Rádio Frequência de forma segura, com tecnologia e desenvolvimento nacionais.

Os eventos mostraram que o RDS-Defesa não é mais um conceito de rádio, mas um rádio que opera, implementando a arquitetura SCA (Software Communications Architecture), uma estrutura criada para facilitar a interoperabilidade entre as forças singulares e permitir a portabilidade de formas de ondas entre os rádios.

O Barramento de Interoperabilidade do projeto INTERC2 indica que será possível a total interoperabilidade entre os sistemas de comando e controle (C2) das Forças Singulares e o Sistema de Planejamento Operacional Militar (SIPLOM), do MD, no nível estratégico/operacional (Imagem: MD)

Com informações do CTEx

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Respostas de 12

  1. Bem complexo!!

    Que bom que estamos tendo capacidade tecnológica na área de comunicação integrada.
    Parabens ao estado maior das forças armadas e a todos envolvidos!.

  2. Meu deus!
    Entregaram o RDS a AEL também?
    Não seria mais interessante a fabricação pela divisão de comunicações da Inbel?
    Mas nossas FAA,s precisam mesmo cada vez mais de integração de meios de comunicações, inteligência etc.
    Com o MT-300, MICLA-BR e quem sabe a versão naval do MT-300, em caso de conflito que nossas forças participem a probabilidade de “fogo amigo” será enorme sem esses meios de comunicações e inteligência conjuntos.
    Em minha modesta opinião já passou da hora de criarem comandos conjuntos semelhantes ao JSOC, Comando logístico e outros comandos conjuntos norte americano.
    E o MD como centralizador, ter a construção de sua própria sede com os aparatos de segurança necessários ao funcionamento do mesmo.
    Parabéns as FAAs por esse grande feito.

    1. Foxtrot, a AEL é a empresa contratada pela FAB, que é dona do projeto, para desenvolver o programa, pois isso a força não tem capacidade de fazer.
      É o mesmo caso da ARES com a REMAX e da Iveco com o Guarani.

  3. A falta que uma ADA (Agência de Desenvolvimento e Aquisição) no Ministério da Defesa faz….
    O cada um por si… Depois, para juntar as peças do Lego….
    Mas, toca pra frente, ficar parado, nada acontece…

    1. Na verdade Wellington, o Programa INTERC2, do Ministério da Defesa, coordena todos esses projetos, mais o IFFM4BR que esta sendo gerenciado pelo COPAC da FAB, centralizando todos eles, pois fazem parte de algo único e que será utilizado por todos.
      Não é um “cada um por si” como afirmou, mas sim todos trabalhando juntos para o benefício mútuo.

      1. Olá!
        Então, de fato é isto, realmente há uma inter-relação no caso desse projeto, entretanto ainda é verídico o fato do “cada um por si”, visto que não é um desenvolvedor único, ou centralizado, e sim uma coordenação que repassa a cada força para que faça o seu quinhão no projeto, para depois trazer…
        No mais, o cada um por si é uma prática comum, ou a regra, nas nossas FFAA, essa interação nesse projeto em específico é que é a exceção… Quisera que o “trabalhando juntos para o benefício mútuo” fosse a regra.
        Grande abraço!!!

    2. Cansei de escrever isso Wellington.
      Nos falta algo como uma DRDO ou DARPA.
      Quanto a AEL e o sigilo do equipamento, nem vou comentar.
      Deveriam ter pego os profissionais da Mectron, criado outra empresa, investido dinheiro e transferido todos os projetos e tecnologias da Mectron para essa nova empresa.
      Como acontece hoje com a SIATT.
      Mas !

  4. Importante observar que a interoperabilidade segue a modelagem de dados da OTAN, conhecida como JC3IEDM. Em caso de necessidade, isto agiliza a expansão das integrações e facilita a análise e interpretação de dados melhorando, em muito, a sinergia durante exercícios e operações. Um parabéns pela decisão!

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