A missão SPORT (Scintilation Prediction Observations Research Task), que foi selecionada entre projetos apresentados à Nasa para financiamento, é uma iniciativa do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os dois últimos autarquias vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A missão contempla o projeto de um CubeSat 6U e entra em sua fase final de testes com o ensaio do Modelo Térmico, que tem como objetivo validar o projeto térmico do satélite representado numericamente.
Este modelo é composto pela estrutura real do satélite, alguns equipamentos reais do Modelo de Engenharia e alguns dispositivos de aquecimento, que simulam o comportamento de equipamentos termicamente mais relevantes. O modelo segue, então, para o centro de uma câmara de termovácuo, onde são simuladas as condições do ambiente espacial em termos de temperatura, pressão, carga térmica e radiação absorvida pelas superfícies do satélite. O teste será realizado no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE.
A câmara de termovácuo funciona com vários sensores que são ligados por cabos. Estes cabos são ligados em várias partes do modelo e levados para fora da câmara, onde são feitas as medições por dispositivos eletrônicos. Em seguida, é realizado um alto vácuo na câmara, expondo o modelo a temperaturas que podem variar entre -196°C a 150°C, representando, assim, as diferenças climáticas do espaço provenientes do aquecimento do Sol e quando o equipamento se encontra em penumbra.
Por fim, o modelo é submetido ao ciclo térmico, quando é exposto a condições de temperatura variável, que representam a operação do satélite em órbita. Durante todo o ensaio, os dados de temperatura são coletados, tanto internamente nos equipamentos, quanto na superfície do modelo, que serão depois comparados com o modelamento térmico já realizado pelo ITA.
“O satélite SPORT é extremamente complexo, talvez o pequeno satélite mais completo do mundo nesta área de clima espacial pelo número de medidas que irá realizar simultaneamente. Além disso, a quantidade das medidas que estarão sendo enviadas para a Terra por segundo constituiu um grande desafio, tanto em termos de fornecer a solução técnica para que este fluxo de dados ocorra, como pela energia que é requerida para suprir o satélite para isso. O SPORT pode ser pequeno, mas é extremamente avançado”, ressaltou o professor Doutor Luís Loures, gerente da participação brasileira no projeto e professor no ITA.
Esta fase de testes deve ser finalizada em meados de 2021, com a realização de uma revisão de projeto (Flight Readiness Review) e o envio do satélite para a Nasa, sendo o próximo passo a colocação em operação da estação de comando terrestre do projeto. O lançamento do SPORT está previsto para o final de 2021 ou início de 2022.
Qual o objetivo do CubeSat?
Bolhas de plasma são também conhecidas como bolhas ionosféricas devido à área espacial de ocorrência, a ionosfera – região da atmosfera que abrange o início da mesosfera e o final da termosfera (entre 50 e 600 quilômetros). São as principais fontes de falhas na transmissão de ondas eletromagnéticas usadas nas telecomunicações via satélite.
Essas bolhas são regiões onde ocorre grande refração do plasma ionosférico, o que provoca a interferência nos sinais dos satélites de telecomunicações, sendo uma anomalia típica da região tropical e mais forte sobre a região brasileira.
Com isso, a missão SPORT investigará o estado da ionosfera que acarreta o crescimento dessas bolhas, que podem alcançar 10 mil quilômetros de comprimento na direção das linhas do campo magnético por até 300 quilômetros de largura. Também serão estudadas as relações entre as irregularidades no plasma em altitude de satélites e as cintilações de rádio observadas na região equatorial da ionosfera.
Fonte: Comunicação Social da AEB