Na sexta-feira passada (08), o 1º/10º GAV “Esquadrão Poker” e o 3º/10º GAV “Esquadrão Centauro” comemoraram os seus 72 anos e 41 anos de história, respectivamente. As duas unidades são sediadas na Ala 4, em Santa Maria (RS) e operam com os jatos de interdição e reconhecimento Embraer A-1.
As unidades são responsáveis por guarnecer e garantir a manutenção do espaço aéreo brasileiro numa região estratégica composta por terrenos de planície e com a presença de diversas unidades do Exército Brasileiro.
O 1º/10º GAV foi criado em 24 de março e ativado em 1º abril de 1947 na Base Aérea de São Paulo, incorporando as aeronaves Douglas A-20K que pertenciam ao 1º e 2º Grupo de Bombardeio Leve. Inicialmente o esquadrão dedicou-se para as atividades de bombardeio e ataque, entretanto, em 10 de novembro de 1952 a unidade realizou a primeira missão de reconhecimento foto-meteorológico utilizando câmeras K-17B, K-17C e K-20. A data virou então o símbolo da comemoração do seu aniversário. Em 1955 o esquadrão recebeu os bimotores a pistão Beechcraft RT-11 e North American B-25 Mitchell para a missão de instrução, ataque leve e principalmente reconhecimento.
A partir de 1962 começou a receber os Douglas B-26 Invader e a missão de reconhecimento deixou de ser realizada pela unidade que concentrou os seus esforços apenas em atividades de bombardeio, ataque e contra-insurgência.
Em 1976, porém, com a chegada do Embraer RT-26 Xavante, o Poker voltou a assumir a exclusivamente a missão de reconhecimento e, no ano seguinte, assimilou a doutrina de reconhecimento tático através de uma missão de instrução da USAF conduzida na Base Aérea de Santa Cruz. O Poker é o pioneiro e o único na FAB a realizar esse tipo de missão que se caracteriza por penetrar na profundidade do território do inimigo, em velocidade, fotografar a sua ordem de batalha e alvos de interesse, e retornar para as linhas amigas trazendo informações de inteligência.
Em 1978 a sua sede foi transferida para Santa Maria. Na década de 1980 o Poker passou a realizar as missões de ataque e, em 1988 foi reconhecido como um esquadrão de caça. Em 1999 recebeu as aeronaves Embraer RA-1 continuando as missões de ataque, bombardeio, caça e reconhecimento.
O 3º/10º GAV “Esquadrão Centauro” foi o primeiro a ser estabelecido em Santa Maria, em 1978, e a sua história se confunde com a da base (atual Ala 4).
Cumprindo vários tipos de missões com os AT-26 Xavante, da escolta até o ataque e apoio aéreo aproximado, a unidade também foi a encarregada, até fins dos anos de 1990, pela formação dos líderes da aviação de caça, tendo em vista que o Xavante era o mesmo equipamento utilizado para a formação básica dos caçadores no 2º/5º GAV, em Natal (Ala 10). Dessa maneira o aluno precisava apenas fazer uma readaptação no avião depois de ter voado outro modelo de aeronave, como o Northrop F-5E, Dassault Mirage IIIE/D, o Embraer A-1 ou o Embraer EMB-312 Tucano. Entretanto, com a chegada do AMX para o 3º/10º GAV, a FAB transferiu essa missão para o 1º/4º GAV “Esquadrão Pacau”, que ainda usava o AT-26 Xavante.
O Centauro passou a ser a ponta da lança da FAB no extremo sul do Brasil caso fosse necessário responder, imediatamente, a qualquer tipo de agressão. Em 1998 a unidade iniciou o processo de desativação do seus AT-26 Xavante para receber, de maneira pioneira em Santa Maria, os Embraer A-1, sendo um alento para as missões de caça, ataque e bombardeio feitas pelo esquadrão.
A chegada desse novo vetor criou um cenário ainda mais vantajoso para o Brasil em termos de dissuasão e trazendo um grande diferencial devido ao seu longo raio de ação, capacidade de penetração a baixa altura, considerável capacidade bélica com grande poder de destruição podendo levar 3,8 toneladas de armamentos mais os dois canhões orgânicos de 30 mm com 150 munições cada. De Santa Maria ou de outra localidade no Brasil é possível atingir qualquer ponto da América do Sul com o AMX. Atualmente, o Poker e o Centauro são os únicos esquadrões de caça da FAB a empregar bomba guiada, no caso as Elbit Lizard 230 e 460. Também são os únicos a operar com o pod designador Rafael Litening III e o pod de reconhecimento Rafael Reccelite (exclusivo do Esquadrão Poker). Dessa maneira os ataques, além de terem excelente precisão sobre o alvo, são feitos de maneira stand-off (fora do alcance das defesas antiaéreas do inimigo). O mesmo acontece para o Reccelite.
Com o A-1, o Centauro bateu o recorde de permanência em voo da aviação de caça, numa missão que teve 10h05 de duração e percorrendo uma distância de 6.700km.
Desde 2016 Santa Maria concentra toda a frota de AMX da FAB. Com a sua modernização, a aeronave continua sendo um importante vetor para a defesa e soberania do Brasil na região de fronteira do extremo sul do país.