João Paulo Moralez
Há quase 20 anos o Brasil começou a receber as primeiras conexões de banda larga de Internet, substituindo gradativamente o acesso discado através do Fax Modem.
Dos parcos 128kbp/s de transmissão de dados por segundo, passamos a dispor de 1Mb.
Depois 10, 20 e hoje com a fibra ótica é possível passar dos 100Mb/s em algumas situações.
Com o desenvolvimento da Internet, em 2004 o Orkut ganhou popularidade projetando o que ficou conhecido como as mídias sociais.
Mas em 2012 um serviço semelhante e que foi lançado praticamente ao mesmo tempo que o Orkut atingiu a marca de 1 bilhão de usuários. Estamos falando do Facebook, plataforma que hoje já começa a entrar em declínio.
Em 2010 a comunicação mais uma vez se transformou quando da chegada do aplicativo de troca de mensagens WhatsApp. Já não era preciso dispor de um plano com muitos minutos para falar ou torpedos ilimitados.
Bastava apenas um bom pacote de dados para compartilhar fotos, vídeos, mensagens de áudio e fazer ligações (com voz e vídeo). O WhatsApp influenciou até mesmo os negócios, sendo hoje uma ferramenta indispensável em vários segmentos.
Em 20 anos o mundo mudou a sua maneira de comunicar. Tecnologias antes consideradas de ponta hoje são ultrapassadas em nem existem mais.
Se acompanhar a evolução da tecnologia é algo extremamente difícil e custoso, quem dirá aqueles que possuem a missão de projetar o que será o mundo daqui 10, 20 ou 40 anos?
Lisa Åbom, é vice-presidente e diretora de Tecnologia da área de negócios Aeronautics da Saab e uma das responsáveis por pensar no futuro. Não é uma tarefa simples.
“Vivemos em tempos disruptivos, com inovações tecnológicas acontecendo a todo tempo ao nosso redor. Com o amadurecimento da Inteligência Artificial (AI) e com o uso de Big Data, podemos prever novas tecnologias de produção que irão possibilitar oportunidades empolgantes. Já podemos ver start-ups sendo criadas em diversos segmentos de indústria, aplicando essas tendências inovadoras. Tais mudanças também estão alcançando os segmentos militares e a indústria de defesa – além de outras áreas consideradas mais tradicionais, como a indústria aeronáutica”, comentou a executiva que participou de um painel no 8º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria organizado em São Paulo.
Åbom pontuou sobre os principais marcos evolutivos nos produtos da Saab ao longo das décadas.
O Gripen E/F, de nova geração, vai permanecer por, no mínimo, 40 anos em serviço na Força Aérea Brasileira que adquiriu 28 exemplares monoplace (Gripen E) e oito biplace (Gripen F, de treinamento). “Temos que ser muito inteligentes e pensar com sabedoria em relação ao nosso dinheiro. É preciso dispor de um avião com tecnologia de ponta embarcada, que possa atender aos requisitos militares e de defesa da Suécia, mas ao mesmo tempo isso deve ser feito de maneira acessível. E esse pensamento, essa situação, é muito parecida para o Brasil”, comentou Åbom.
A executiva falou sobre a necessidade de os meios estarem trabalhando de forma eficiente, utilizando metodologias avançadas. O uso de AI na fase de design reduz o tempo de desenvolvimento, as possibilidades de erros e proporciona dinamismo e agilidade para se chegar em soluções para as suas necessidades. A Inteligência Artificial também é uma aliada na garantia da qualidade nos processos de manufatura. “Também temos que pensar no uso da Inteligência Artificial para tomar as decisões corretas”, completa.
O Gripen E/F apresenta uma série de inovações em seu conceito, entretanto algumas são ainda mais destacadas.
Entre elas está a facilidade em voar o caça e a sua capacidade em receber e processar milhares de informações coletadas pelos seus sensores. Com isso o piloto pode se concentrar mais facilmente no gerenciamento da missão recebendo de maneira clara e objetiva as informações para que ele possa tomar as decisões mais acertadamente.
“Além disso é possível operar o Gripen de maneira intuitiva e utilizar essas habilidades e capacidades de uma forma mais simplificada. As novas funcionalidades serão aprendidas intuitivamente. O Gripen já é bastante avançado no que diz respeito à coleta e fusão de dados e à tomada de decisão do operador. As diferentes plataformas compartilham informações entre si, promovendo uma maior consciência situacional. No futuro, um número ainda maior de vetores terrestres, navais e aéreos irão coletar informações e compartilhá-las entre si. Estamos falando de um ‘sistema de sistemas’ no qual o Gripen poderá estar voando com outras aeronaves, inclusive plataformas não tripuladas. O desafio é trazer todas essas novas tendências, considerando um contexto em que precisamos ser mais competitivos em custo de produção e mais ágeis no tempo entre desenvolvimento e disponibilização de novas soluções para o mercado”, completou a executiva.