Classe Tamandaré, PROSUB, Satélites, Segurança Digital, Programas Estratégicos: Entrevista com Ruben Lazo (Thales).

  1. Na atual fase de refinamento do base line configuration da melhor oferta Corveta Tamandaré, que deverá se estender até o final de 2019, quais os argumentos e proposta comercial que a Omnisys e a Thales vão apresentar em favor do King Clip MK2 (nacionalizado)? A Thales pensa em “defender” outros sensores além do King Clip MK2? – existe uma clara movimentação em torno dos sistemas de combate).

 

Assinatura do contrato da Melhor Oferta Corveta Tamandaré, ponto alto do evento. (Foto: Roberto Caiafa)

A Thales está presente no Brasil há mais de 50 anos e, além da superioridade técnica dos nossos equipamentos, todos comprovados em operação, oferecemos ainda um alto índice de conteúdo local e suporte no Brasil por toda a vida dos sensores. Acreditamos que a proposta esteja em linha com os anseios da Marinha do Brasil, que busca equipamentos de última geração, sea proven e com alto índice de conteúdo e suporte local.

Especificamente quanto ao sonar KINGKLIP, outro importante argumento é o fato de que esse equipamento é fabricado no Brasil pela Omnisys, subsidiária da Thales no Brasil, e certificado como Produto Estratégico de Defesa (PED). Em 2016, inauguramos o Centro de Sonares (4º Centro da Thales no mundo e o único no continente americano) no qual investimos mais de R$ 20 milhões. Desde então produzimos transdutores para o sonar KINGKLIP e os qualificamos em parceria com o IPqM (Instituto de Pesquisa da Marinha). Hoje, temos total capacidade para realizar a produção, integração e serviços do sonar KINGKLIP no Brasil, com 100% de mão de obra brasileira. Para o Brasil e para exportação. Tudo isso em linha com a Política de Produtos de Defesa definida pelo Ministério da Defesa.

Com relação aos demais sensores, oferecemos também para esse projeto o nosso radar 3D NS110, o radar de direção de tiro STIR (já na configuração baseline), a alça ótica MIRADOR, nossos equipamentos de Guerra Eletrônica MAGE DEFENSOR e ALTESSE, e os sistemas de Comunicação e SATCOM, além de outros equipamentos e sensores menores.

A Omnisys é o centro de excelência mundial de radares da Thales. Na nossa fábrica em São Bernardo do Campo, produzimos radares que são exportados para todo o mundo e suportamos mais de 120 equipamentos da Força Aérea Brasileira que atualmente operam com uma disponibilidade superior a 99,5%.

Desta forma, assim como para o sonar KINGKLIP, oferecemos para os radares NS110 e STIR um elevado nível de conteúdo local e o suporte no Brasil durante todo o ciclo de vida dos equipamentos.

A mesma proposta vale para os demais equipamentos de Guerra Eletrônica, alça ótica e Comunicação. Nota: é importante mencionar que a suíte de Comunicação dos submarinos convencionais SBR é fornecida pela Thales e já recebemos a transferência de tecnologia (ToT) para suporte a esse sistema.

Com grande experiência no mercado de defesa naval, a Thales tem parceria com mais de 52 marinhas em todo o mundo e mais de 500 navios de guerra possuem sistemas embarcados Thales, o que comprova o nosso expertise.  Por isso, acreditamos que temos uma proposta comercial sólida para a Marinha do Brasil.

Nossos equipamentos são de última geração, todos comprovados em operação, com alto índice de conteúdo local e todo o suporte realizado no Brasil. Além disso, estamos desenvolvendo a indústria de defesa brasileira e gerando capacidades e empregos no país. Em 2018, mais de 75% da receita da Omnisys foi decorrente de exportações e atualmente a Thales emprega mais de 800 pessoas no Brasil. Temos experiência comprovada na integração dos nossos sistemas na plataforma MEKO e trabalhamos com a TKMS em outros países.

Por fim, acreditamos que com a nossa ampla proposta de equipamentos e sensores, reduzimos os riscos de integração e de suporte durante o ciclo de vida, uma vez que tanto o estaleiro quanto a Marinha do Brasil terão menos contratos e fornecedores para gerenciar.

O Consórcio selecionado alcançou, na fase de seleção, os Índices de Conteúdo Local de 31,6% para o 1º navio e média de 41% para os demais navios da série, sendo formado pelas empresas ATECH Negócios em Tecnologias S.A, EMBRAER S.A e THYSSENKRUPP Marine Systems GmbH (TKMS).
  1. O Brasil desenha uma ampla reforma do seu sistema previdenciário, incluindo militares. Esse banco de dados com informações cruciais de milhões de brasileiros ao longo de suas vidas produtivas está bem protegido com as tecnologias atuais? Quais os mecanismos de compliance e governança que a Thales oferece aos governos e instituições nessa transição onde ela assume essa responsabilidade empregando poderosas ferramentas digitais? Estamos seguros com a Thales?

 

A Thales é líder mundial em Identidade e Segurança Digital. Protegemos 80% das transações bancárias mundiais e os sistemas de informações de 19 dos 20 maiores bancos do mundo.

Com o anúncio da conclusão da aquisição da Gemalto em abril desse ano, a Thales se posiciona como líder em todas as tecnologias que sustentam a cadeia de decisões críticas de governos, organizações e empresas, com um portfólio inigualável de soluções de identidade digital e segurança baseadas em tecnologias como biometria, proteção de dados e segurança cibernética.

Temos a capacidade de fornecer respostas contínuas para os nossos clientes, incluindo provedores de infraestrutura crítica como agências governamentais, empresas de serviços públicos, bancos, operadoras de telecomunicações e outros setores, à medida que se deparam com os desafios de identificar pessoas e dispositivos e manter seus dados seguros.

Com € 1 bilhão por ano dedicado à Pesquisa e Desenvolvimento, completamente autofinanciados, o grupo continua a inovar em seus principais mercados, valendo-se especialmente de sua experiência digital mundial em Internet das Coisas, Big Data, Inteligência Artificial e Segurança Cibernética. No Brasil temos uma grande equipe dedicada ao mercado de Identidade e Segurança Digital, com instalações industriais em Curitiba e Barueri e centros de engenharia, serviços e escritórios comerciais em São Paulo e no Rio de Janeiro.

As soluções da Thales formam a espinha dorsal para muitos governos e empresas que precisam se adequar às regras impostas pela GDPR (General Data Protection Regulation), que regula a proteção de dados e identidade dos cidadãos da União Europeia e que inspira a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP) aprovada pelo Senado e Congresso brasileiro em meados de 2018.

Ou seja, a Thales oferece a governos e instituições soluções para proteções de dados e posso afirmar que sim, estamos seguros com a Thales.

  1. A Thales está presente no PROSUB com importantes sensores e tecnologias, e no PEB é a main contractor do SGDC-1. No entanto, a Marinha do Brasil ainda precisa cobrir lacunas nos setores de varreduras e contramedidas de minagem/desminagem, industrialização de sensores como radares e sonares, e aquisição/operação de veículos submarinos remotamente controlados, para citar apenas um setor que precisa ser modernizado devido ao PROSUB. No PEB, as discussões sobre o SGDC 2 encontram-se em que estágio? Já houve uma definição dos requisitos e, no caso da Thales Alenia Space, quais seriam as tecnologias mais indicadas para atender a esse novo contrato? Segundo uma visão Thales, o que poderia ser melhorado no 2º satélite, se comparado às capacidades do SGDC 1?

 

A Thales é o maior parceiro do Programa Espacial Brasileiro, com grande participação da Omnisys nos programas CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) e PMM (Plataforma Multimissão), e o fornecimento do satélite SGDC-1 (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas) pela Thales Alenia Space.

No Programa CBERS, nos destacamos como a empresa com o maior número de sistemas e equipamentos embarcados, todos desenvolvidos, produzidos e qualificados nas nossas instalações em São Bernardo do Campo. Entregamos para os satélites CBERS e PMM equipamentos como transponders, transmissores, antenas, computadores de bordo, etc.

Avaliação Operacional do Sistema de Comando e Controle referente à Banda X do SGDC.

No programa SGDC-1, lançado com sucesso há exatamente dois anos, fomos responsáveis pelo desenvolvimento, fabricação e qualificação do satélite, com intenso programa de transferência de tecnologia para o governo e empresas brasileiras. Cerca de 40 engenheiros brasileiros foram formados por dois anos na França e cinco empresas brasileiras receberam a transferência de tecnologia em sistemas de propulsão, painéis solares, estruturas, sistemas ambientais e computadores de bordo. Além disso, inauguramos em 2015 o nosso Centro Tecnológico Espacial em São José dos Campos.

Com relação ao SGDC-2, em meados de 2018 respondemos o RFI (Request for Information) emitido pela Visiona e atualmente aguardamos a emissão do RFP (Request for Proposal). A Thales Alenia Space é líder mundial no mercado de satélites de telecomunicação e, portanto, estamos prontos para oferecer as tecnologias mais avançadas para atender os requisitos a serem definidos pelo cliente. Além do SGDC-1 no Brasil, temos outras referências em satélites de telecomunicação / carga útil (payloads) na América Latina, tais como os satélites argentinos ARSAT e o satélite boliviano Túpac Katari.

  1. O Exército Brasileiro deverá definir em 2019 o ROB da sua aeronave remotamente pilotada de grande endurance (alto e longo), destinada a complementar as capacidades da Bateria de Busca de Alvos do PEE Astros 2020. A Thales possui em seu portfólio algum drone/uav/vant capaz de atender as necessidades do EB, incluindo as tecnologias de comunicação ar/solo e de comando e controle em tempo real, operando sensores avançados capazes de designar alvos e gerar inteligência?

 

A Thales possui mais de 5.500 produtos e soluções em seu portfolio, o que inclui, certamente, sistemas de voos remotamente pilotados. Como exemplo, podemos citar o Watchkeeper, atualmente em operação no Reino Unido.

O Watchkeeper é uma solução desenvolvida para missões de Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento (da sigla em inglês ISTAR – Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and Reconnaissance).

Com uma autonomia de voo de mais de 16 horas com uma única plataforma e uma cobertura de 24/7 para um sistema completo, o sistema Watchkeeper pode ser empregado em menos de 2 horas e sem a necessidade de infraestrutura de suporte. Além disso, oferece a possibilidade de emprego de diversas cargas úteis que entregam capacidades de coleta de inteligência em qualquer ambiente e condição meteorológica.

 

  1. A América do Sul assiste a um intenso programa de reaparelhamento naval, e a Thales está presente de uma forma ou de outra em várias Marinhas importantes do continente. Quais são os principais programas navais da Thales em parceria com essas Marinhas, na atualidade, e quais os desafios tecnológicos que esses programas representam? A Thales já tem uma proposta para o futuro Programa dos Navios Patrulha Oceânicos, cujo RFI deverá ser lançado ainda em 2019, segundo a própria Marinha do Brasil?

A Thales é líder mundial em sistemas navais e na América Latina não é diferente. No Brasil, somos responsáveis pelas suítes de comunicação, sonares e guerra eletrônica dos Submarinos Convencionais (SBR) no programa PROSUB. Também para esses submarinos, produzimos os gabinetes de processamento dos sonares, além dos consoles do IPMS (Integrated Platform Management System), starting units, entre vários outros equipamentos. Além disso, somos responsáveis pelos desenvolvimentos do radar autodiretor que equipa o Míssil Anti-Navio de Superfície (MANSUP), do sistema de guerra eletrônica MAGE DEFENSOR e do Sistema de Controle da Máquina do Leme que equipa a Corveta Barroso.

Com grande sucesso, a Thales modernizou as Fragatas de Classe Padilla do País e, ao mesmo tempo, equipou o Centro de Treinamento e o Centro de Simulação da Força Naval (Marinha Colombiana).
Com investimento de R$ 20 milhões, o Centro de Excelência da Sonares da Omnisys, subsidiária brasileira da Thales, está pronto para atender as demandas dos clientes do Brasil e América Latina.

Em 2016 a Marinha Mexicana escolheu a Thales para fornecer todos os sistemas e sensores da sua plataforma POLA (Patrulha Oceânica de Longo Alcance), tais como radares, sonares, sistemas de guerra eletrônica, comunicação e sistema de gerenciamento de combate.

A Marinha Colombiana também confiou na Thales para a modernização das Fragatas Padilla, a Marinha Chilena escolheu os sonares da Thales para equipar as suas Fragatas e, em abril deste ano, as Forças de Defesa da Jamaica escolheram a nossa solução Coast Watcher para proteger as suas costas.

Atualmente, acompanhamos os programas de reaparelhamento estratégicos de todas as Marinhas da região, entre elas, as Marinhas do Brasil, Mexicana, Colombiana, Peruana e Chilena. Estamos prontos para oferecer as nossas soluções, com alto índice de inovação tecnológica, comprovadas em operação e com alto grau de conteúdo e suporte local, offset e transferência de tecnologia.

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