Na tarde do dia 25 de janeiro de 2019, uma barragem de rejeitos desativada (Mina do Feijão), uma de centenas existentes devido a mineração no Estado (Província) de Minas Gerais, rompeu-se.
Tal fato provocou uma avalanche de lama que destruiu tudo em seu caminho, incluindo um restaurante lotado de trabalhadores (estima-se em cerca de 300 pessoas), e o centro administrativo da empresa, anexo ao restaurante.
Casas e construções como pontes e viadutos, e que estavam no caminho da lama, também foram destruídas, o material tóxico atingindo o leito do Rio Paraopeba, um dos principais fornecedores da água potável consumida na capital do Estado, Belo Horizonte, cidade com cerca de seis milhões e meio de habitante.
Os planos de emergências foram acionados, e as primeiras ações de resgate de vítimas presas na lama, na região da mina, aconteceram graças a velocidade de resposta da frota de helicópteros a disposição do Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar e Polícia Civil de Minas Gerais, seguidos pelos helicópteros maiores, militares, acionados pelas Forças Armadas (Exército, Marinha e Força Aérea) para auxiliarem na logística de suprimentos, no transporte de pessoal, apoiados por mais aparelhos de unidades de Bombeiros e Polícia de outros Estados da Federação deslocados para a ocorrência.
T&D acompanhou as operações da frota de helicópteros do Batalhão de Operações Aéreas (BOA CBMMG) na manhã do dia 26, após um curto pernoite para reabastecimento, manutenção preventiva e descando das tripulações, exigidas ao máximo nas primeiras horas de atuação, devido a situação caótica das várias vítimas resgatadas com vida.
Cenas registradas pela televisão mostrando um dos helicópteros do BOA, o H145M, resgatando pessoas ainda vivas usando o voo pairado a centímetros da lama, com grande perícia da piloto em comando, em meio ao cenário de destruição e desolação, viralizaram na internet e rodaram o mundo.
A piloto, major Karla Lessa, é a primeira brasileira comandante de resgate aeromédico voando biturbina no Brasil, um moderno modelo H145M entregue pela Helibras após a nacionalização e conversão em UTI aérea.
Também estão sendo empregados pelos Bombeiros e Polícias que atenderam a ocorrência diversos exemplares do Helibras Esquilo/Fennec nas versões B2 e B3, principalmente.
Tidos como os “carregadores de piano”, fazem o trabalho pesado de voarem rente ao solo buscando vítimas, identificando corpos e transportando pequenas frações de pessoal especializado envolvido nas missões de resgate por toda a região atingida, assim como resgatam pessoas ilhadas em locais de difícial acesso por terra devido aos destroços e lama.
A Aviação Naval da Marinha, a Aviação do Exército e a Força Aérea Brasileira acionaram helicópteros de médio/grande porte Super Cougar/H225M, produzidos pela Helibras em Itajubá (Minas Gerais) para apoiarem as ações de resgate atuando como multiplicadores de força e provedores logísticos, além de transportarem até a cena da tragédia médicos, especialistas, equipamento de resgate, equipamentos de engenharia, suprimentos, medicamentos e socorristas/tropas.
Independente da discussão que tomou conta do Brasil, já que um acidente do mesmo tipo aconteceu em 2015, também em Minas Gerais,e ninguém até hoje foi efetivamente responsabilizado e punido, o fato é que a posse e o domínio no emprego de helicópteros pelas forças de segurança estaduais e pelos militares estão a fazer toda a diferença nas operações de resgate e apoio as vítimas.
O próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, seguido por um séquito de ministros e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tiveram rápido acesso ao local da tragédia devido, mais uma vez, ao emprego de helicópteros militares produzidos no País.
Independente da necessária apuração de responsabilidades e punição dos culpados, mais o intenso debate que se instalou na sociedade brasileira sobre os motivos de uma tragédia como essa se repetir, ficou mais uma vez demonstrada de forma inconteste a necessidade de se fabricar, manter e operar uma frota de helicópteros de diferentes modelos e capacidades em um País de dimensões continentais como o Brasil.
Imagens: Roberto Caiafa, GOA PMERJ, SENASP, Ministério da Defesa, Rede Record TV (reprodução), Agência Brasil, CBMMG via Reuters