O presidente Jair Bolsonaro, no seu quarto dia de governo, fez um pronunciamento onde declarou-se “não favorável” ao acordo de fusão entre a Boeing e a Embrear, nos termos apresentados pela primeira.
A declaração aconteceu logo após a cerimônia de passagem de comando da Força Aérea Brasileira, realizada na Base Aérea de Brasília na última sexta feira (04/01).
O presidente da República tem poder de veto sobre a operação.
Bolsonaro afirmou, após ter acesso a ultima versão do contrato em discussão, que informações tecnológicas podem ser repassadas à empresa de aviação norte-americana.
O presidente não detalhou que tipo de dados poderiam ser acessados, mas falou em proteção do patrimônio nacional.
Após as declarações do presidente, as ações da Embraer tiveram forte retração, algo em torno de 4,34%, enquanto o Ibovespa registrava leve alta.
Segundo o presidente declarou “Seria muito boa essa fusão, mas como está na última proposta, daqui a cinco anos tudo pode ser repassado para o outro lado. A preocupação nossa é essa. A Embraer um patrimônio nosso, sabemos da necessidade dessa fusão, até para que a empresa consiga competitividade e não venha a se perder com o tempo“.
Poder de veto
A reação do mercado se deve ao poder que o governo tem de vetar a venda da companhia, a chamada “golden share“, que em bom português significa que a fusão das duas empresas depende do aval do governo Bolsonaro.
As fabricantes anunciaram em dezembro os termos finais do acordo, causando grande alarido entre setores nacionalistas.
De acordo com a parceria proposta, a Boeing deterá 80% de participação na joint venture que englobará o braço de aviação comercial da Embraer, avaliado em US$ 5,26 bilhões, um valor percebido como baixo em diversos setores da sociedade brasileira.
Além disso, Boeing e Embraer também chegaram a um surpreendente acordo para a segunda joint venture, voltada à promoção e desenvolvimento de novos mercados para o jato multimissão KC-390, a Embraer ficando com 51%, e a Boeing com os 49% restantes.