Marinha do Brasil deverá receber o HMS Clyde ao final de 2019

Durante o evento Diálogo da Indústria de Defesa Brasil-Reino Unido*, realizado no 8º Distrito Naval (Centro Cultural da Marinha em São Paulo), o contra-almirante Amaury Calheiros Boite Junior, Superintendente de Manutenção da Diretoria de Gestão de Programas da Marinha (DgePM), confirmou que a Marinha do Brasil vem mantendo tratativas com a Royal Navy e a BAE Systems visando o recebimento por leasing do OPV Classe RiverHMS Clyde“, o que deverá ocorrer ao final de 2019.

Esse OPV Classe River Batch One é anterior aos Classe Amazonas adquiridos pela Marinha do Brasil.

O HMS Clyde foi lançado ao mar em 2006, portanto, é um meio relativamente novo, anotando 12 anos de serviço ativo patrulhando os mares do Atlântico Sul, especialmente as águas das Ilhas Falklands.

Segundo o contra-almirante Calheiros, a Marinha do Brasil já havia avaliado anteriormente a aquisição desse meio, e agora retorna as negociações, já que o HMS Clyde deverá dar baixa do serviço ativo na Royal Navy ao final de 2019 (veja nesse artigo).

O modelo de negócio para a posse do OPV devera ser o de “Leasing” da embarcação junto a BAE Systems.

Entre os debatedores do Painel “Parcerias Estratégicas” estavam o Sr. Marco Antonio Caffe, gerente geral da BAE Systems no Brasil, o vice-almirante Marcelo Francisco Campos, do Ministério da Defesa, e o epresentante da Abimde, Fernando Ikedo, da Avibras Aeroespacial.

Novos e Velhos OPV para a Royal Navy

O HMS Clyde deveria ser substituído pelo HMS Forth; o primeiro dos novos navios de patrulha offshore classe River Batch 2 da Royal Navy (terceira geração do desenho).

Acontece que a Royal Navy devolveu o HMS Forth a BAE Systems antes do final do primeiro semestre para efetuar consertos em defeitos detectados no OPV.

O prazo divulgado inicialmente para a realização desses trabalhos seria de 90 dias, mas o final de 2018 se aproxima e o HMS Forth ainda não foi devolvido a Esquadra Britânica.

Navio de Patrulha Offshore classe River Batch 2 (BAE Systems)

Entenda a situação

A construção do HMS Forth começou em outubro de 2014 e o navio foi comissionado em fevereiro de 2018. Em abril, foram descobertas sérias falhas com o sistema elétrico, e parafusos cortados foram descobertos com cabeças que haviam sido coladas de volta.

O navio foi devolvido aos cuidados e manutenção da BAE Systems e permaneceu em Portsmouth desde então, em reparos.

Uma avaliação completa de seu estado material e um plano corretivo envolvendo 12.000 verificações separadas dos sistemas demandaram tempo maior que o inicialmente divulgado, extendendo seu prazo de devolução ao serviço na Royal Navy para o mês de novembro corrente.

Os testes de mar e o rigoro treinamento FOST da tripulação deverão consumir pelo menos outros quatro a seis meses. Traduzindo, até que o HMS Forth possa assumir suas responsabilidades junto a comunidade kelper nas ilhas Falklands, o HMS Clyde deverá ter seu tempo de serviço extendido em mais alguns meses. Isso “bate” com a fala do contra-almirante Calheiros quanto ao recebimento desse meio “Esperamos recebê-lo ao final de 2019”.

Nota do Autor: Entre outros programas navais, o contra-almirante Calheiros também anunciou que a Marinha trabalha para substituir o NSS Felinto Perry (K-11), navio de socorro submarino equipado para apoio ao mergulho, combate a incêndio e resgate de submarinos. Mais dois navios hidroceanográficos deverão ser obtidos com recursos oriundos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), segundo o vice-almirante.

*No Diálogo da Indústria de Defesa Brasil-Reino Unido foram debatidos temas como exportações, parcerias estratégicas e financiamentos, envolvendo a área cibernética, smart cities, setor aeroespacial, exportações e incentivos fiscais para a indústria de defesa.

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