Uma delegação do Exército da Espanha visitou o Brasil entre os dias 10 e 13 de setembro para conhecer o sistema ASTROS 2020 da Avibras Indústria Aeroespacial e trocar experiências com o Exército Brasileiro.
A delegação foi liderada pelo Diretor de Aquisições do Comando de Apoio Logístico do Exército (MALE), general-de-divisão Fernando Miguel García e Garcia de las Hijas.
A visita percorreu o Comando Militar do Sudeste no Ibirapuera, em São Paulo, e depois deslocou-se até a fábrica da empresa brasileira em São José dos Campos.
Posteriormente, os militares se deslocaram para o 6º Grupo de Mísseis e Foguetes (6º GMF), em Formosa (DF), onde participaram de um teste real de lançamento e operação do sistema.
A delegação espanhola também estava no Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) onde o vice-chefe de Material do Exército Brasileiro, general-de-divisão Lucas Alves Gláucio, explicou as características do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sctiex) do Exército.
O chefe do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), general-de-brigada Ivan Ferreira Neiva Filho, apresentou os programas estratégicos da Força Terrestre aos espanhóis.
Aquisição de um lançador de foguetes
Em janeiro de 2018, o Exército Espanhol informou ao Ministério da Defesa daquela nação sobre a necessidade de adquirir um novo lançador de foguetes para substituir o sistema Teruel, programa lançado pelo Comando de Artilharia de Campanha em 2011.
Atualmente, já existe um Requisito Operacional Básico (ROB) do sistema lançador de foguetes desejado, e este documento encontra-se nas mãos do chefe do Estado-Maior da Defesa da Espanha (CDS), general-de-exército Fernando Alejandre Martínez.
Após a aposentadoria do sistema Teruel, esperava-se que esta plataforma fosse substituída por um sistema lançador de alta mobilidade (Silam) concebido com base na tecnologia HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System) uitilizado pelo Exército Norte-Americano (US Army).
Sistema ASTROS 2020
O ASTROS II MK IV, ous ASTROS 2020, é um sistema encomendado em 2012 através da assinatura de dois contratos entre o Exército Brasileiro e a Avibras Aeroespacial.
O sistema compreende, além de foguetes não guiados de diferentes alcances, mísseis de cruzeiro tático, com alcance entre 30 e 300 km (exportação); e um foguete guiado de alta precisão com alcance de 40 km (FG40).
Uma bateria ASTROS 2020 é composta de veículos mecanizados com tecnologia avançada que incluem radares diretores de tiro; computadores sofisticados; navegação inercial e por GPS; sistemas de comunicação rádio digitalizados; estações meteorológicas; e sistemas mecânicos, hidráulicos, pneumáticos e motores a diesel robustecidos, tudo montado em chassi TATRA equipado com blindagem nível III.
O ASTROS 2020 completo pode utilizar quatro diferentes tipos de foguetes.
O modelo SS-30 atua em salvas de 32 unidades e o SS-40, de 16.
Os maiores, SS-60 (70 km de alcance) e SS-80 (cerca de 90 km), de quatro em quatro.
Uma bateria em marcha se desloca a 100 km/hora em estrada asfaltada (capacidade QT) e precisa de apenas 15 minutos de preparação antes do lançamento.
Cumprida a missão, deixa o local deslocando-se para outro ponto da ação, antes que possa ser detectado e receber contra-fogos de artilharia inimiga.
O mercado internacional para o produto é amplo.
Uma prospecção feita pela Avibras entre países clientes, operadores das versões mais antigas do sistema de foguetes – Arábia Saudita, Malásia, Indonésia e Catar, além de dois novos interessados, não identificados – indicou um potencial de negócios entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3,5 bilhões a serem definidos até 2025.
A Avibras Aeroespacial atravessou uma séria crise financeira até 2015, quando registrou receita bruta de R$ 1,1 bilhão.
A empresa cresceu 20% em 2017, obtendo receita liquida de R$ 1,7 bilhões.