Vila Militar da Marinha do Brasil escapou de ser atacada por pouco.
Na última sexta-feira (27/10) após uma ação conjunta contra a exploração ilegal de garimpo na região do Rio Madeira, a Operação Ouro Fino, realizada próximo a cidade de Humaitá (sul do Estado do Amazonas, distante 685 Km de Manaus), contou com a participação de agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) militares da Força Nacional e Marinha do Brasil e técnicos/especialistas do ICMBio ( Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
Na ação, dezenas de balsas ilegais foram apreendidas e em seguida, destruídas a mando da autoridade governamental (incendiadas). Segundo a ocorrência registrada pelo 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), por volta de três horas da tarde (horário local) daquela sexta-feira iniciou-se uma revolta “popular” com uma manifestação inicialmente pacifica.
Esta evoluiu rapidamente para ações de vandalismo e destruição de prédios públicos, como resposta dos garimpeiros as ações governamentais no entorno da Floresta Nacional de Humaitá, quando o Ibama apreendeu 42 balsas que estavam sendo usadas para o garimpo. Recorrendo a uma previsão legal já aplicada em outras operações de fiscalização no país, o órgão destruiu 31 dessas embarcações.
Em represália, e acreditando na impunidade, garimpeiros deslocaram-se em fúria e atearam fogo em alguns prédios públicos federais da cidade. A localidade tem 52 mil habitantes e convive com uma população flutuante de 2 mil garimpeiros em média, a maioria de comportamento violento e anti-social, conforme relatos do próprio noticiário policial local.
O comandante do 4° BPM, major PM J.Antônio deflagrou o plano de contingência do seu comando, acionando todos os policiais de serviço e de folga, contabilizando cerca de 145 militares, todos destacados imediatamente para resguardar a vida dos agentes fiscais federais e manter a ordem pública.
A “revolta” propagada pelo grupo de criminosos garimpeiros espalhou-se por diversos pontos da cidade, e a sede do IBAMA (Avenida Transamazônica), foi o primeiro imóvel público incendiado, a seguir o grupos de garimpeiros atacou a sede do ICMBio (Rua Julio de Oliveira).
Nesse momento, e contando com o decisivo apoio da tropa da Força Nacional, foi possível aos policiais defenderem a sede do Incra, o posto de guarnição da Marinha do Brasil, o prédio da Prefeitura Municipal de Humaitá e a estratégica balsa que faz a travessia na rodovia BR-230 (se destruída, isolaria o município por terra), além da residência do gerente do IBAMA.
No caso do ataque a Vila Militar da Marinha do Brasil, este não se consumou devido a decisiva ação policial, enfrentando o grupo de garimpeiros amotinados e dispersando-os após confronto de grande violência.
Militares da Marinha e familiares tentavam explicar através do Whatsapp quem não tinham nenhum envolvimento com o incêndio contra os garimpeiros, e alertavam para a presença, na Vila Militar, de crianças. Por algumas horas, o clima foi de completo terror.
A Marinha confirmou em nota que os garimpeiros também “tentaram invadir e incendiar a sede da Agência Fluvial de Humaitá (AgHumaitá)”, uma unidade da Força. “A ação foi contida pelos militares da Marinha com o apoio do Exército Brasileiro e da Polícia Militar do Amazonas”.
O navio-patrulha fluvial NaPaFlu Rondônia foi imediatamente enviado a partir de Porto Velho (RO) com uma tripulação de 56 homens. Esse navio está equipado com um canhão de proa 40mm, seis metralhadoras pesadas de 12,7mm e dois morteiros de 80mm, e vai reforçar a presença federal na região enquanto a situação o requerer.
O Centro de Comunicação Social do 9º Distrito Naval informou que desde a última terça-feira (24/10), a Marinha do Brasil vinha dando apoio à Operação Ouro Fino. “A prática do garimpo de forma irregular, além de causar prejuízos nocivos ao meio ambiente, contribui para o assoreamento dos rios, contamina as águas com produtos proibidos usados na mineração ilegal, bem como dificulta a navegação, além da óbvia evasão de divisas e disseminação de práticas criminosas”.
No sábado chegou o reforço de Policiais Rodoviários Federais com oito viaturas, agentes da Polícia Federal com três viaturas e soldados da Força Nacional, com cinco viaturas, mais uma força de 32 policiais militares locais mantidos realizando rondas constantes nos pontos críticos.
Uma viatura da Força Tática (PMAM) está destacada H-24 controlando os acessos a base da Marinha do Brasil, e 40 policiais militares estão de sobreaviso, prontos a intervir. Uma aeronave C-105 Amazonas da Força Aérea levou um pelotão de 40 Fuzileiros Navais da Base de Fuzileiros de Manaus, fortemente armados, para auxiliar no reforço a cidade de Humaitá e também para defender as áreas sob a responsabilidade da força naval.