Engenheiro aeronáutico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1999, o professor Paulo Iscold tem uma agenda atribulada. Quando não está com seus alunos do Centro de Engenharia Aeroespacial (CEA), ensinando os segredos de como se projetar e construir aviões, ele está trabalhando, por exemplo, na Red Bull Air Race, tida como a Fórmula-1 das corridas aéreas.
Um dos mais produtivos discípulos do professor Cláudio Barros, seu mentor, Iscold é responsável pelo desenvolvimento do avião de Kirby Chambliss, bicampeão mundial do Air Race, e também é o responsável por projetar e construir, com a ajuda de seus alunos, aviões de alta performance destinados a quebra de recordes de velocidade, acrobáticos categoria unlimited, planadores e mesmo plataformas para aeronaves de propulsão elétrica.
Não há limite para a capacidade criativa e engenharia aplicada, quando o assunto para Paulo Iscold é projetar vencedores “Eu cuido da equipe do Chambliss e procuro trazer alguns alunos comigo para as corridas. Um dia, eles se formam e acabam recebendo convites. Às vezes, eu mesmo indico. Há dois anos, a equipe do piloto Yoshihide Muroya me chamou para trabalhar, mas não pude aceitar por causa dos meus compromissos aqui. Então indiquei meus ex-alunos e eles estão lá até hoje. E já ganharam corridas! E tudo naquele avião preparado por eles é, por assim dizer, ‘made in Brazil’”, destaca Iscold.
Nada melhor do que os resultados para mostrar que a aposta na mão de obra brasileira estava certa. Iscold já foi campeão do Air Race trabalhando para Paul Bonhomme, piloto britânico, lenda do esporte.
Novo design
A comunidade aeronáutica ainda discute os feitos do Anequim, a aeronave de quatro cilindros mais rápida do mundo. Quando decolou no dia 21 de agosto de 2015, fez história para a engenharia e para a aviação brasileiras quebrando quatro recordes mundiais de velocidade: nas distâncias de 3km, 15km, 100km e 500km, na categoria C1A (para aeronaves de 300 a 500 quilos) da Federação Aeronáutica Internacional (FAI). Além desses, a equipe bateu o recorde mundial de razão de subida.
Com apenas cinco metros e meio de comprimento, pesando 350 quilos e impulsionado por um motor a pistão com quatro cilindros e 278 cavalos, o Anequin bateu cinco recordes mundiais tendo o piloto de acrobacia/piloto de linha aérea, comandante Gúnar Armin no comando.
O voo aconteceu na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, lar do 1° Grupo de Caça da Força Aérea Brasileira.
Recentemente, Iscold postou na sua rede social uma imagem com novos melhoramentos a serem introduzidos no Anequim, de modo a otimizar mais ainda as suas performances. Mas a comunidade aeronáutica foi surpreendida com um novo post, revelando um ousado projeto de uma nova aeronave bimotora na configuração push/pusher com calda alta em T, asas de desenho supercrítico avançado e uma refinada aerodinâmica (com prejuízo da visibilidade a frente devido ao nariz longo e canopy praticamente reto).
Ainda não se sabe que tipo de motorização será adotada, se convencional, elétrica ou híbrida, mas claramente é um projeto voltado para grandes velocidades.
Estamos assistindo ao nascimento de um novo quebrador de recordes? Ou quem sabe, um legítimo Racer? Também não se sabe (ainda) o seu nome.
Roberto Caiafa