Tecnologia & Defesa entrevistou Antonio Pugas, vice-presidente da Sikorsky América Latina, sobre o plano de expansão das atividades no Brasil e América do Sul.
Tecnologia & Defesa – De acordo com planos da empresa, a expansão de suas atividades no Brasil terá três etapas: assessoria para implantação de um currículo referente a projetos de aeronaves de asas rotativas no ITA, implantação de um centro de manutenção no Vale do Paraíba e, a longo prazo, a instalação de uma linha de produção de helicópteros Sikorsky na mesma região. Conforme noticiado pela grande imprensa, São José dos Campos e Taubaté disputam os dois últimos projetos. Quais critérios ou requisitos estão sendo levados em conta pela Sikorsky para selecionar o local onde serão erguidos esses empreendimentos?
Antônio Pugas – Estamos levando em consideração vários aspectos; custo do investimento em edificações e infraestrutura, proximidade com o cliente, uso de infraestrutura aeroespacial (controle aéreo, área aberta com pista de decolagem e pouso, e estratégia interna).
T&D – Durante evento de assinatura do convênio Sikorsky/ITA, foi formulado um convite para que a Sikorsky estabeleça um escritório no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Como está sendo encaminhada essa ideia?
Antônio Pugas – São Jose dos Campos é, sem dúvidas uma excelente cidade, porém, como havíamos antecipado, estamos desenvolvendo discussões avançadas com a vizinha Taubaté. Entretanto, continuamos conversando com autoridades de SJC para analisarmos sua respectiva proposta.
T&D – Já há uma estimativa de custos para cada uma dessas etapas?
Antônio Pugas – Isso depende do escopo do projeto e contrato de serviços com nossos clientes. Estimamos US$ 20 milhões para o centro de manutenção e por volta de ate US $150 milhões para a linha de montagem. Esse último empreendimento depende de quantas aeronaves produziremos no Brasil.
T&D – Os projetos mencionados nas duas primeiras perguntas deverão ser implementados na esteira de uma expectativa de participação da Sikorsky na futura demanda de helicópteros, não só de emprego militar, mas também na área civil, como por exemplo, offshore ou atividades onde aeronaves de asas rotativas de porte médio são requisitadas. A Sikorsky já fez um estudo mercadológico para estimar quantitativamente essa demanda?
Antônio Pugas – Sim. Temos nosso estudo interno de demanda para os mercados militar e comercial. Isso está fundamentado na nossa visão e informações públicas, bem como nas necessidades e investimentos de nossos clientes. Obviamente o tempo para essa demanda se realizar pode ser impactado pela economia no curto prazo, mas no longo prazo, o Brasil é um país de grandes oportunidades e a Sikorsky confia nisso.
T&D – Além dos bem sucedidos Black Hawk e Sea Hawk de emprego militar e S76 e S92 de uso civil, a empresa vê perspectivas para a venda de modelos maiores para o Brasil, como o novo CH-53K ou algum modelo mais antigo dessa família retrofitado em função das demandas do SISFRON, por exemplo?
Antônio Pugas – Sem dúvidas. O CH-53K é um produto que todo país com o tamanho do Brasil poderá incorporar em sua frota militar. O próprio S92 pode ser utilizado na versão militar no caso de necessidade para uma aeronave maior que o Black Hawk para o transporte militar ou VIP.
T&D – O planos de instalação de um centro de manutenção e de uma linha de produção no Brasil também têm como alvo a expansão da empresa no mercado sul-americano?
Antônio Pugas – Afirmativo. Nossa estratégia para América Latina, principalmente “after market”, é toda integrada. O Brasil poderá exportar serviços para outros países da LATAM, como também poderá adquirir serviços da Colômbia, México, entre outros players.