Depois de se tornarem os primeiros pilotos brasileiros de Gripen, os capitães-aviadores Gustavo Pascotto e Ramón Fórneas, da Força Aérea Brasileira (FAB), voltaram para a Suécia para participar de um treinamento avançado.
Trata-se da liderança de esquadrilhas em situações de combate aéreo. Eles estiveram no Centro de Combate Aéreo Simulado (FLSC – Flygvapnets Luftstridssimuleringscentrum), em Estocolmo, para participar do Gripen Tactical Leadership Training. Além dos brasileiros, participaram militares do Tailândia, República Tcheca, Hungria e Suécia.
Oito pilotos “voavam” ao mesmo tempo durante cada missão em oito posições de comando em um simulador tático. Os militares treinaram a atuação em voos de pacote, quando o piloto fica em meio a cerca de 30 aviões, incluindo aeronaves de ataque, defesa e de alarme antecipado em voo.
O foco do treinamento deste ano do Gripen Tactical Leadership Trainning foi a liderança tática a partir de cenários além do combate visual (BVR, do inglês Beyond Visual Range).
“Foi muito interessante a interação entre os pilotos de diferentes nacionalidades. Todos falando a mesma linguagem”, disse o capitão Pascotto.
Em seis das 16 missões cumpridas, os aviadores da FAB atuaram como líderes. “Foi possível observar que temos um bom nível de combate BVR, mesmo ainda não operando o Gripen. Foi interessante ver que a FAB tem maturidade nesse aspecto”, avaliou Pascotto.
O grau de realismo do simulador, com performances de armamentos e de aeronaves muito precisas, e de complexidade das situações chamou atenção dos pilotos brasileiros. O combate simulado promoveu o enfrentamento de ameaças geradas por inteligência artificial em cenários complexos, incluindo situações de deterioração de radares, falhas e interferências de comunicação. Aspectos que não podem ser treinados em voos reais por oferecerem riscos à segurança de voo. “Vivenciamos praticamente tudo sobre liderança tática BVR”, comentou o capitão Fórneas.
Esta foi a primeira vez que o Brasil participou do treinamento promovido todos anos pelo Grupo de Usuários de Gripen. A cada dois anos, os países integrantes do grupo sediam, em formato de rodízio, exercícios com voos reais. O objetivo dos organizadores é promover a troca de experiência entre os operadores para explorar os recursos da aeronave em diferentes realidades e hipóteses de emprego.
Combate BVR
A FAB introduziu a doutrina de combate BVR a partir de 2005 com o recebimento dos aviões de combate Mirage 2000 e dos F-5 modernizados.
Desde então, enviou pilotos para intercâmbios e participou de exercícios internacionais como Salitre (Chile), Red Flag (Estados Unidos), Cruzex e USABRA (ambos promovidos pelo Brasil). Foram oportunidades para melhorar a doutrina e tática na área, hoje treinadas diariamente nos Esquadrões de Caça. “Isso foi proporcionando experiência para aperfeiçoar nossos processos”, disse o capitão Fórneas.
A partir de 2013, a FAB também passou a enviar pilotos de combate para a Suécia para treinarem no simulador BVR. A diferença, dessa vez, foi a participação ao lado de pilotos de países operadores de Gripen.
Ivan Plavetz