FAB realiza inédito treinamento de combate

Pela primeira vez na Força Aérea Brasileira (FAB) foi realizado um treinamento conjunto de combate dissimilar entre aeronaves de baixo e alto desempenho. O exercício envolveu aeronaves A-29 Super Tucano do Esquadrão Escorpião (1°/3° GAv) e aviões de combate F-5 EM do Esquadrão Pacau (1°/4° GAv), e treinou ações de defesa e ataque de vetores  dotados de capacidades operacionais diferentes.

Realizado a partir de Manaus (AM) e Boa Vista (RR), teve objetivos distintos para os dois esquadrões participantes. Para o Esquadrão Escorpião, que empregou os A-29 (considerados de baixa performance), a meta foi desenvolver táticas e técnicas defensivas frente a aeronaves de alta performance F-5 EM equipadas com mísseis de orientação infravermelha. Foi também uma oportunidade para treinar o emprego de armamentos ar-ar, além de adestrar os pilotos nos equipamentos embarcados utilizados nesse tipo de situação.

De acordo com o oficial de operações do Esquadrão Escorpião, major-aviador Fabrício Picolli Portela, a principal função do A-29 é o ataque ar-solo, mais precisamente, o apoio aéreo aproximado. Mas em uma situação real, durante uma dessas missões, há uma grande possibilidade de interceptação por aeronaves de alta performance. “Ou seja, por aeronaves de defesa aérea (como os F-5 EM). Nesse momento o piloto deve estar preparado para se defender garantindo sua sobrevivência e, se possível, garantindo, também, o cumprimento do objetivo da missão”, concluiu o major Picolli.

Segundo o oficial, é nesse contexto que surge a importância do desenvolvimento e treinamento das manobras defensivas contra aeronaves de alto desempenho. “O combate visual é treinado, geralmente, com aeronaves do mesmo tipo. Em algumas poucas oportunidades, é possível treinar o combate com aeronaves diferentes”, destacou.

Já para o Esquadrão Pacau, que opera os F-5 EM, o objetivo foi desenvolver táticas e técnicas ofensivas contra aeronaves de baixa performance, que possuam capacidade ar-ar, além de verificar os parâmetros de efetividade do míssil Python 4, armamento utilizado pelo F-5.

Para o comandante do Esquadrão Pacau, tenente-coronel aviador Luciano Pietrani, a utilização de um míssil Infravermelho (IR) de quarta geração se opondo a uma aeronave turboélice é válido. “Num contexto de combate visual, o treinamento consolida as táticas aplicadas pelos pilotos do F-5EM na utilização do Visor Montado no Capacete (HMD-Helmet Mounted Display), associado ao míssil IR contra uma aeronave de menor performance”, ressaltou.

 (Imagem 1º/3º GAv)
(Imagem: 1º/3º GAv)

Para o tenente-coronel Pietrani, a experiência adquirida nesse exercício foi positiva. “O que foi treinado vai agregar uma gama de conhecimentos para a cultura operacional dos pilotos de caça da Força Aérea Brasileira”, complementou.

O comandante do Esquadrão Escorpião, tenente-coronel aviador Leonardo Venancio Mangrich, destacou o ineditismo desse treinamento para as unidades aéreas da FAB que operam o F-5M e o A-29.

De acordo com ele, a concepção dos voos de treinamento só foi possível devido basicamente a dois fatores: nível de maturidade operacional atingido pelo 1°/3° GAv no emprego da aeronave A-29 ao longo dos anos e a proximidade geográfica entre os esquadrões participantes. O primeiro fator, permitiu facear voos com os pilotos mais experientes de F-5 M. O segundo, eliminou os custos logísticos de um possível deslocamento de parte do efetivo e material de apoio.

 

Ivan Plavetz

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