A história operacional da Força Aérea Brasileira (FAB) contada a partir de motores.
Sim, as máquinas que impulsionaram os aviões de combate desde 1941, como o Grumman P-16 Tracker e o Gloster Meteor, primeiro caça a jato da FAB, integram um acervo com mais de 15 motores localizado no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), na zona norte da capital paulista. A unidade responsável pela manutenção dos principais vetores de alto desempenho vai inaugurar em dezembro o “Memorial de Motores”.
“O PAMA-SP participou da história da FAB. Aqui, as pessoas vão encontrar motores do Albatross [Grumman SA-16], do Avro [HS 748]e do Gloster [Meteor], o primeiro caça a jato da FAB”, ressaltou o tenente Leonardo Spínola, chefe do banco de provas da subdivisão de motores do PAMA-SP, envolvido no projeto que começou a ser desenvolvido no início deste ano.
Motores raros e de pós-combustão
O acervo conta com motores de aeronaves de alta performance como o usado pelo avião de combate Northrop F-5EM, que cumpre a missão de defesa aérea do País. “Esse motor tem um sistema de pós-combustão conjugado. Ele serve para aumento momentâneo de potência dos aviões supersônicos. É um detalhe que pode ser visto aqui”, disse o tenente Spínola.
Outro item em exposição é o motor do P-16 Tracker. Introduzida na FAB em 1961, a aeronave operou a bordo do navio-aeródromo A-11 Minas Gerais da Marinha do Brasil e foi usada em missões de esclarecimento marítimo e anti-submarinos. “O motor desse avião tem uma concepção totalmente diferente. É um motor a pistão do tipo radial. Praticamente desapareceu. Só se encontra em aviões muito antigos”, destacou o oficial.
Trabalho conjunto
O “Memorial de Motores” do PAMA-SP conta com apoio do historiador Sérgio de Moraes. Voluntariamente, ele dedica parte do seu tempo a reunir informações que ajudam a contar a história da evolução tecnológica dos motores aeronáuticos e seus respectivos aviões e as técnicas de conserto, manutenção e funcionamento dessas aeronaves ao longo do tempo.
História que ajuda o futuro
Todos os meses cerca de 50 estudantes, como universitários de cursos de engenharia aeronáutica, repletos de dúvidas e curiosidades visitam o PAMA-SP. A iniciativa faz parte de uma parceria da FAB com instituições que possuem cursos ligados à atividade aérea. “São perguntas desde as mais simples até as mais complexas sobre resistência de materiais”, contou o suboficial Antônio Dionizio.
Com 32 anos de carreira, o militar destaca a importância de recuperar e cultuar a memória para as novas gerações. “Os militares mais novos já chegam trabalhando em novos projetos. É importante mostrar a história, os enfrentamentos técnicos que ocorreram. Queremos que eles conheçam e se orgulhem desse passado”.
PAMA-SP
A origem do PAMA-SP remonta a 1931, quando o local abrigou o primeiro hangar de manutenção de motores, a oficina Wright. “Em 1932, foi inaugurada aqui a primeira escola de aviação da Força Pública de São Paulo, o equivalente hoje à polícia militar paulista”, explicou o tenente Spínola. Somente uma década depois é que o local seria absorvido pelo recém-criado Ministério da Aeronáutica.
Ivan Plavetz