O futuro Comandante da Força Tarefa Marítima (FTM), da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), e militares indicados pela Marinha do Brasil, para o Comando e Estado-Maior do 17º Contingente Brasileiro do Líbano (ContBrasL), participaram no Ministério da Defesa em Brasília, de 15 a 18 de outubro, da reunião de Comando e Estado-Maior.
Neste período, foram transmitidos conhecimentos sobre o cenário histórico, religioso, político e estratégico do Oriente Médio, além de orientar quanto aos princípios fundamentais concernentes ao desdobramento de contingentes em missões de paz, destacando-se a atuação do Estado-maior Conjunto das Forças Armadas.
Cerca de 200 militares embarcarão na Fragata União em fevereiro de 2019 para compor o 17º ContBrasL.
A Fragata será o navio capitânia na missão pelos próximos oito meses.
O Brasil comanda a FTM desde 2011. A Marinha mantém junto ao navio, um helicóptero orgânico na missão, comandando meios navais de outros cinco países, para patrulhar a costa libanesa de maneira a impedir a entrada de armas ilegais e mitigar o contrabando no país. Os militares brasileiros também contribuem com o treinamento da Marinha libanesa, para que a instituição possa conduzir suas atribuições de forma autônoma.
A missão possui um Estado-Maior multinacional e seis navios, da Alemanha, da Grécia, da Turquia, de Bangladesh, da Indonésia e, no momento, a Fragata Liberal, do Brasil. Atualmente, todos são comandados pelo almirante Eduardo Machado Vazquez, que assumiu em fevereiro deste ano.
Cada comandante permanece um ano na missão. O próximo a assumir será o almirante Eduardo Augusto Wieland. Ele, que será o oitavo brasileiro consecutivo a estar à frente da FTM, confessa que a oportunidade traz um coroamento para carreira de mais de 30 anos dedicados ao mar. “Como nós somos preparados, o comando no mar é quase uma plenitude de desejo ao longo da profissão. É uma honra e prestígio”, destacou. O almirante Wieland disse que a participação do Brasil na FTM é uma forma de mostrar a contribuição para a manutenção da paz e a atuação ativa no concerto das nações.
Navio
A Fragata “Liberal” substituiu a “Independência”, em 15 de setembro. A próxima embarcação que irá para o Líbano, é a Fragata “União”, que tem como atual comandante o capitão-de-fragata Paulo Ozório. Ele está preparando o navio para o contingente que embarcará em fevereiro.
O militar que já havia participado dessa missão em 2017, afirma que é uma experiência incrível, pois é o momento em que é possível colocar em prática tudo aquilo para o qual se preparou ao longo da carreira. “Deixa ensinamentos mais técnicos, na questão humana de liderança e de acompanhamento de todos relacionamentos ao longo da missão. É um desafio muito grande”, destacou.
Em março de 2019, o capitão-de-fragata André Rodrigues Silva Selles assumirá o comando desse navio, no lugar do capitão-de-fragata Paulo Ozório. Ele que iniciou a carreira nesta embarcação, considera a realização de um sonho a oportunidade de comandá-la. “Eu já tinha tentado voltar antes, mas por circunstâncias da carreira, não foi possível. Estou extasiado e feliz demais em retornar como comandante”, afirmou.
Conhecimento
Durante quatro dias, os militares do Comando e Estado-Maior do 17º Contingente Brasileiro tiveram apresentações de palestrantes, civis e militares, sobre os diversos aspectos da missão no Líbano. Essa reunião compreende a primeira fase da preparação sob a égide do Ministério da Defesa.
Após essa fase, os integrantes também passam por capacitações nos cursos em centros de instrução militar.
Para o chefe de Operações Conjuntas, do Ministério da Defesa, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, essa fase inicial é uma oportunidade para absorver conhecimento e experiência dos palestrantes sendo fundamental para construção de uma base para cada integrante. “Que a missão seja aos moldes do que aconteceu no passado, coroada de êxitos”, desejou.
Para falar sobre sua experiência e tirar dúvidas dos componentes do próximo contingente, o ex-comandante da FTM-Unifil, almirante Sergio Fernando de Amaral Chaves Junior participou da reunião. Na ocasião, ressaltou que essa missão é de extrema importância para fazer com que o Líbano e o ambiente marítimo sejam estáveis, pacíficos e seguros. “Nosso país tem dado uma contribuição muito grande para aquele povo”, pontuou.
A pesquisadora do Laboratório de Simulações e Cenários da Escola de Guerra Naval, professora Juliana Foguel contribuiu levando aos militares conhecimento sobre o contexto histórico do Líbano. Ela abordou a formação da identidade árabe-israelense. “Saber qual é a história por trás dessa missão é fundamental para o sucesso dela. Sem entender como se formou o Oriente Médio, dificilmente se consegue compreender o conflito de hoje e mais complicado ainda vai ser para contribuir na conquista da paz e fazer minimamente a diferença”, ressaltou.
O conselheiro do Ministério das Relações Exteriores, Felipe Goulart também levou aos militares informações como estrutura, capacidades e doutrina das Forças Armadas libanesas. Ele, que trabalhou na embaixada do Brasil em Beirute, capital do país, destacou que desde a implementação da Unifil, em 1978, consolidou laços de cordialidade com os militares.
O Ministério da Defesa, por meio da Subchefia de Operações de Paz (SC4), é o principal elo com a tropa que está no Líbano e o Brasil durante a missão. “Serão meses muito felizes e importantes para a carreira e a vida pessoal de vocês. Aproveitem e boa missão a todos. ”, aconselhou o subchefe da SC4, almirante Rogério Ramos Lage. E o gerente da Seção de Planejamento e Preparo, coronel Fernando César Hernandes, apresentou a subchefia e explicou as etapas de uma operação de paz. “Todos que trabalham com isso são envolvidos com o assunto. O apoio a vocês é de 24 horas nos sete dias da semana”, assegurou.
O almirante Wieland considera que a reunião com militares do Comando e Estado-Maior permite conhecer os membros efetivos que vão estar com ele no ano que vem, além de mostrar a todos como é complexo o ambiente que irão viver. “É um local denso de informações. Serve para nos alertar o que está ocorrendo no Oriente Médio. Com certeza, essa experiência vai nos permitir chegar lá melhor”, finalizou.