- 153º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha
Em mensagem divulgada na segunda-feira (11/06), o Comandante da Marinha, Almirante-de- Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, afirma que o Brasil hesita em busca de um rumo para a estabilidade. (todas as imagens por Roberto Caiafa, exceto quando citado)
“Nesses tempos incertos e nebulosos, a pátria navega em mar encapelado, hesitando na busca de um rumo que nos traga maior estabilidade interna e um mínimo de coesão em torno dos grandes objetivos de desenvolvimento econômico e social”, afirma.
A declaração, também chamada de Ordem do Dia, foi lida durante solenidade em Brasília em homenagem ao 153º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, comemorado em 11 de junho, considerada data magna da Marinha.
A batalha aconteceu na Argentina com brasileiros e paraguaios em lados opostos, quando o Paraguai buscava uma saída para o mar por meio do controle da Bacia do Prata. Em resumo, na ocasião, a Marinha do Brasil afundou quatro embarcações inimigas e pôs fim à disputa.
Após abordar os “tempos incertos e nebulosos” vividos pelo Brasil, o comandante da Marinha afirma que a Força “tem fundamental contribuição a dar para superar a crise que se abate sobre a nação, a exemplo do que fizeram aqueles heróis de Riachuelo”.
Em um momento em que se veem pedidos de intervenção militar nas ruas, Eduardo Bacellar Leal Ferreira busca rechaçar qualquer possibilidade a um eventual golpe ao acrescentar que a instituição tem “atuação pautada nos preceitos constitucionais, fiel aos pilares da hierarquia e disciplina”.
Ainda na mensagem, além de relembrar o episódio na Argentina, o almirante exalta personalidades fundamentais para a vitória brasileira e diz que “a memória desses sinais nos incute força e inspiração para fazer frente aos difíceis desafios que a nação enfrenta”.
Utilizando frases e gritos de guerra que remetem a acontecimentos na batalha, Eduardo Bacellar Leal Ferreira ressalta que somente uma conduta “irrepreensível, refletida nas pequenas atitudes cotidianas e no maduro acatamento do conjunto de princípios e valores morais que nos governam”, poderá criar a sociedade harmônica e ordeira sonhada pelos brasileiros.
“‘Cerrar sobre o inimigo e atacar o mais próximo possível!’, bem representa a coragem e a determinação de vencer e de jamais vacilar na defesa dos interesses maiores da nação. O destemor ao enfrentar os problemas e adversidades, por maiores que sejam, deve estar incutido em cada um de nós”, diz.
Eduardo Bacellar Leal Ferreira também aproveitou a oportunidade para pleitear mais recursos para a Marinha. Segundo ele, o grito de “preparar para o combate!” momentos antes da Batalha do Riachuelo serve hoje de alerta para a importância de um poder naval “adequado”. Isso porque, quando forem chamados para atuar, não haverá tempo para preparação ou espaço para improvisação, diz.
“No contexto atual de ausência de ameaças percebidas, não podemos nos deixar seduzir pela crença na perenidade da paz. Lembremo-nos que, quando a fatalidade da guerra nos atingir, os mesmos que hoje relegam a segurança externa e criticam os gastos militares serão implacáveis na cobrança de êxitos e no julgamento de eventuais fracassos decorrentes da falta de aprestamento”, afirma.
Na última sexta (8), o presidente Michel Temer viajou junto com o comandante da Força para lançar a pedra fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro e do início dos testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica, no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó, interior de São Paulo.
O reator vai produzir radioisótopos para a fabricação de medicamentos usados no tratamento de doenças nas áreas de cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. Ele faz parte do Programa Nuclear da Marinha, voltado apenas para fins pacíficos.
Ordem do Dia na íntegra:
Há exatos 153 anos, marinheiros brasileiros foram instados ao árduo sacrifício do combate,
uma vez que a soberania da Pátria encontrava-se ameaçada. Na ocasião, a Marinha Imperial, vocacionada a atuar em águas azuis de nosso imenso litoral, viu-se desafiada a
desdobramento em bacia fluvial, de difícil navegação, para a qual os meios navais de maior
porte se mostravam inadequados.
Ao alvorecer de onze de junho de 1865, a nossa Esquadra, fundeada no Rio Paraguai nas
proximidades de Corrientes, avistou os navios inimigos que, descendo o Rio, foram
posicionar-se próximo à foz do Arroio Riachuelo, em cujas barrancas também havia artilharia e tropas adversárias.
A força naval brasileira suspendeu em perseguição ao inimigo, dando início ao feroz combate, que, em sua primeira fase, foi-nos desfavorável: a Canhoneira “Parnaíba”, em encarniçada luta após ser abordada, sofreu muitas avarias e perdeu grande parte de sua tripulação; a Corveta “Jequitinhonha”, presa a um banco de areia, permaneceu
sob intenso fogo das baterias de terra e a Corveta “Belmonte”, tomada por incêndio e com 37 rombos em seu casco, encalhou para não afundar.
Em tais circunstâncias, adquiriram grande protagonismo os atributos de valor e coragem dos combatentes dos dois lados em conflito, jovens heróis que, como Greenhalgh e Marcílio Dias, sacrificaram suas vidas naquele embate cruento. Virtudes de patriotismo, superação,
comprometimento e abnegação tornaram-se os atores principais na batalha cuja vitória, fruto da competência e arrebatamento do Almirante Barroso, mostrou-se decisiva para os rumos que a guerra veio a tomar.
No decorrer do combate, Barroso, embarcado na legendária Fragata “Amazonas”, içou
sucessivos sinais que guiaram e insuflaram os comandantes dos navios e suas tripulações.
Hoje, a memória desses sinais nos incute força e inspiração para fazer frente aos difíceis
desafios que a Nação enfrenta.
O primeiro – “Preparar para o combate!” – disseminado instantes antes do eclodir da
sangrenta refrega, serve agora para alertar-nos da importância da manutenção de adequado Poder Naval desde os tempos de paz, pois, quando formos chamados à ação, não haverá tempo para preparação ou espaço para a improvisação. No contexto atual de ausência de ameaças percebidas, não podemos nos deixar seduzir pela crença na perenidade da paz.
Lembremo-nos que, quando a fatalidade da guerra nos atingir, os mesmos que hoje relegam a segurança externa e criticam os gastos militares serão implacáveis na cobrança de êxitos e no julgamento de eventuais fracassos decorrentes da falta de aprestamento.
O segundo – “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!” – traduz o compromisso de cada brasileiro de ontem, de hoje e das gerações futuras com um País capaz de atender as legítimas aspirações de seu povo. Somente uma conduta irrepreensível, refletida nas
pequenas atitudes cotidianas e no maduro acatamento do conjunto de princípios e valores
morais que nos governam, será capaz de criar uma sociedade harmônica e ordeira, com a
qual todos sonhamos.
“Cerrar sobre o inimigo e atacar o mais próximo possível!”, bem representa a coragem e a
determinação de vencer e de jamais vacilar na defesa dos interesses maiores da Nação. O
destemor ao enfrentar os problemas e adversidades, por maiores que sejam, deve estar
incutido em cada um de nós.
Por fim, “Sustentar o fogo, que a vitória é nossa!”, sinal que fortaleceu o ânimo dos
combatentes à época, impregna-nos hoje do sentimento de vibração e resiliência e leva-nos a redobrar os esforços na construção de um futuro belo e digno para o Brasil.
Nesses tempos incertos e nebulosos, a Pátria navega em mar encapelado, hesitando na
busca de um rumo que nos traga maior estabilidade interna e um mínimo de coesão em
torno dos grandes objetivos de desenvolvimento econômico e social.
A Marinha tem fundamental contribuição a dar para superar a crise que se abate sobre a
Nação, a exemplo do que fizeram aqueles heróis de Riachuelo. Somos uma sólida
Instituição, presente em todos os marcantes momentos da história do Brasil, forjada
nos mais caros valores de nossa civilização, com acentuado espírito nacional e com
atuação pautada nos preceitos constitucionais, fiel aos pilares da hierarquia e
disciplina.
Atuamos nos mais longínquos rincões deste imenso território, muitas vezes
sendo os únicos representantes do Estado para milhares de brasileiros. Executamos
nossas tarefas principais e subsidiárias com grande entusiasmo, mesmo quando à
custa de grande sacrifício pessoal e familiar.
Meus comandados, após o exitoso desfecho de Riachuelo, o Almirante Tamandaré,
Comandante em Chefe da Força Naval em Operações na Guerra da Tríplice Aliança, assim
escreveu ao Almirante Barroso: “O Governo Imperial e a Nação inteira devem a Vossa
Excelência perenal reconhecimento, e eu, por minha parte, sinto-me possuído de orgulho por ter a honra de comandar chefes, oficiais, marinheiros e soldados tão bravos e dedicados à causa nacional.”
Essa mensagem de nosso Patrono não poderia ser mais atual e expressar melhor os meus
sentimentos, como seu Comandante, em fazer parte deste maravilhoso e invicto barco
chamado Marinha do Brasil. Agradeço a todos que o guarnecem, militares e civis, homens e
mulheres, por tão bem desempenharem suas obrigações e engrandecerem, de forma
irretocável, a imagem da Instituição.
Assim, nesta Data Magna, é meu dever lembrar e prestar honras aos nossos Marinheiros e
Fuzileiros Navais que padeceram em ação no dia onze de junho de 1865, bem como aos que deram suas vidas pelo País em tantas outras batalhas e nas Campanhas do Atlântico. O fogo sagrado desses brasileiros, juntamente com sua bravura e determinação, forjou a alma de nossa Marinha, permanecendo vivo dentro de cada um de nós. Que seus exemplos inspirem os nobres agraciados com a Ordem do Mérito Naval, aos quais publicamente cumprimento pela comenda. Enverguem-na com muito orgulho! As tradições de nossa Força bem representam a bela história do País.