Por reputação, governo suíço veta fábrica de munições no Brasil

  • Pressão de entidades (?) diante da morte de Marielle Franco e de 60 mil homicídios por ano pesou na decisão do executivo.

Jamil Chade, correspondente – O Estado de S.Paulo (reprodução)

GENEBRA – O governo da Suíça se opõe à construção de uma fábrica de munição no Brasil, alegando que a iniciativa poderia ter repercussões negativas para a imagem do país europeu. A fabricante de armamentos Ruag anunciou no fim de 2017 que iria investir 15 milhões de euros para abrir uma fábrica em Pernambuco.

Ela seria a primeira empresa estrangeira a entrar no mercado de munição do Brasil, depois que o governo de Michel Temer acabou com o monopólio nacional. A ideia dos suíços era de produzir até 20 milhões de munições por ano. O monopólio existe desde os anos 30 e, em maio de 2017, a autorização foi concedida aos suíços.

Munições de alta tecnologia para empregos específicos: Brasil poderia modernizar sua produção de munições.

Deputados suíços questionaram o governo diante da ideia de abrir uma fábrica de munição num país com alto índice de homicídios, principalmente depois do caso Marielle.

A Ruag chegou a indicar que seu objetivo com a fábrica em Pernambuco era a de fornecer munições não apenas para forças policiais e empresas privadas de segurança, mas também para exportar ao mercado dos Estados Unidos.

Numa comunicação emitida nesta quinta-feira, 6, o Conselho Federal da Suíça (equivalente ao Poder Executivo) deixou claro que a empresa precisa renunciar ao projeto.

Estado apurou que, apesar de a decisão não ser final ainda, a companhia não terá como seguir com seus planos. O estado suíço é o único acionista da Ruag.

De acordo com o governo, a instalação da empresa no Brasil representaria um risco para a reputação da Suíça.

Segundo Maria Vasconcelos, CEO da RUAG do Brasil declarou quando das conversações sobre a fábrica: “Nossa intenção é dar uma opção ao Brasil. O monopólio existente prejudica o treinamento das tropas de segurança e controla o valor das munições”.

O comunicado do Conselho Federal foi uma resposta à uma moção da deputada socialista Priska Seiler e a um questionamento por parte do deputado também socialista Angelo Barrile. O governo deixou claro que já comunicou sua posição à empresa.

Em abril, 13 entidades da sociedade civil questionaram o governo diante da ideia de abrir uma fábrica de munição num país que conta com mais de 60 mil homicídios por ano. 

As organizações incluíam Solifonds, Grupo por uma Suíça sem Exército, Sociedade para os Povos Ameaçados, Public Eye e diversos juristas suíços.

A pressão aumentou depois do assassinato da vereadora Marielle Franco, em março deste ano, no Rio de Janeiro.

A empresa havia respondido ao governo que garantiria a adoção de uma política de tolerância zero diante dos riscos de corrupção.

Apresentação da Ruag mostra o Cobra instalado no Guarani 6×6. (Foto: Roberto Caiafa)

Por email, a empresa confirmou nesta quinta-feira que “tomou nota da recomendação do governo suíço para suspender os planos para uma fábrica no Brasil”. “Decisões ou recomendações do governo são, claro, aceitas pela Ruag”, declarou Kirsten Hammerich, porta-voz da empresa.

Segundo ela, porém, o governo informou a empresa apenas apenas na quarta-feira, 5. “Portanto, não podemos dizer mais nada pelo momento.”

(?) Nota da redação de T&D: Há que se estranhar bastante essa informação, não só pelas constantes notas truncadas desse jornal sobre o assunto Defesa e suas ramificações, quanto pela pretensa interconexão entre crime havido no Brasil (e ainda sem punição), socialistas, fábrica de munições e “reputação” de fabricante.

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