MICLA-BR  ou Míssil de Cruzeiro de Longo Alcance do Brasil confirmado!

Força Aérea Brasileira confirma versão lançada do ar do AV-MTC

Nesta terça feira, 24 de setembro de 2019, aconteceu mais uma sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, no Congresso Nacional, com os seguintes convidados abordando o tema Pressupostos da Soberania Nacional:

– Major-Brigadeiro do Ar SÉRGIO ROBERTO DE ALMEIDA, Chefe da Sexta Subchefia do Estado Maior da Aeronáutica – EMAER (representando a Força Aérea Brasileira).

– General de Divisão GUIDO AMIM NAVES, Comandante de Defesa Cibernética do Exército (representando o Exército Brasileiro).

– Vice-Almirante EDUARDO MACHADO VAZQUEZ, Chefe de Gabinete do Comandante da Marinha (representado a Marinha do Brasil).

– Embaixador ALESSANDRO WARLEY CANDEAS, Diretor do Departamento de Defesa do Ministério das Relações Exteriores.

JOANISVAL BRITO GONÇALVES, Diretor do Instituto Pandiá Calógeras, representando o Ministério da Defesa.

Neste artigo, vamos destacar a apresentação do brigadeiro Almeida, que chamaremos de “Os 18 da FAB”.

Em pouco mais de 20 minutos, Almeida falou dos programas estratégicos da Força Aérea Brasileira, e um deles em especial (não que os outros não tenham sua importância, muito pelo contrário) chamou a atenção deste jornalista.

Recordar é viver.

No início de março deste ano, “dica” de uma fonte confiável informava sobre um teste de um artefato semelhante a um míssil de grande porte, instalado no center-line de uma caça F-5EM Tiger II na Base Aérea de Canoas.

Perguntada sobre o tema, a Força Aérea emudeceu, sequer respondendo os e-mails enviados ao CECOMSAER.

No mesmo dia, a FAB emitiu uma diretiva interna recomendando o reforço da segurança nos pátios operacionais das bases aéreas, especialmente para pessoas em atitude suspeita de “fotografar algo”.

Dois meses depois, no dia sete de maio, o Ministério da Defesa publicou um vídeo sobre os 100 dias do Governo Bolsonaro na área da Defesa, e para surpresa não só deste articulista como da própria Força Aérea, lá estava, aos cinco minutos e cinco segundos, a foto “secreta” do teste!

Naquele momento, a imagem foi avaliada como uma versão ar-solo do AV-MTC, o míssil de cruzeiro desenvolvido pela brasileira Avibras para equipar os lançadores do Programa Estratégico do Exército Brasileiro Astros 2020.

Na intensa reação que se seguiu a identificação da foto e publicação do artigo sobre este fato, de forma não oficial, este jornalista recebeu enorme pressão de setores dentro da Força Aérea que criticaram duramente a divulgação do fato, apesar que o responsável foi o Ministério da Defesa, ao qual, aliás, a Força Aérea é subordinada, dentro da estrutura de poder do Governo Federal.

Voltando ao 24 de setembro.

O brigadeiro Almeida, durante sua apresentação do chamado “Os 18 da FAB“, falou sobre os programas estratégicos da Força e, para surpresa (novamente) deste jornalista, lá estava, nítido e claro, um slide detalhando o Programa MICLA BR, ou Míssil de Cruzeiro de Longo Alcance, com a seguinte explicação “O Projeto MICLA-BR consiste no desenvolvimento de um MISSÍL de CRUZEIRO com 300 KM, com propulsão baseada em motor a reação, para lançamento por plataformas aéreas e de superfície! Tal sistema de armas será equipado com sistema de navegação e controle por coordenadas referenciadas, empregando inercial/GPS e redundância de navegação por correlação de imagem”.

O slide revelador do MICLA-BR durante apresentação do Brigadeiro Almeida.

Na sua fala, que transcrevemos a seguir, Almeida assim definiu o MICLA-BR “O sexto projeto estratégico da Força Aérea é um projeto de grande porte que equaliza o Brasil militarmente com outros Países que possuam esta capacidade. Trata-se de um míssil lançável do ar, com 300 km de alcance, de fabricação nacional, aproveitando um desenvolvimento já em curso para um programa do Exército Brasileiro (AV-MTC do PEE Astros 2020), e que será utilizado pelas nossas aeronaves dando ao País uma capacidade de ataque considerável”!

Portanto, sete meses após o primeiro movimento, a “dica” da fonte, passando pela divulgação da foto pelo MD, a reação da FAB, que silenciou publicamente e pressionou internamente, mais todo o desgaste subsequente para este jornalista, chegamos a COMPROVAÇÂO OFICIAL de que estávamos certos!

O AV-MTC no estande da Avibras, LAAD 2019.

A Força Aérea Brasileira está SIM desenvolvendo, em parceria com a indústria nacional, uma versão aerolançável do míssil de cruzeiro AV-MTC da Avibras, que deverá, quando operacional, armar os caças Gripen E/F atualmente sendo preparados para entrarem em serviço no início da próxima década!

A foto daquele teste em Canoas, no início do ano, nada mais era que um ensaio preliminar para verificar a viabilidade de instalar a versão aerolançável do AV-MTC no cabide central de um caça da Força Aérea!

O brigadeiro Almeida não deu maiores detalhes sobre o cronograma do Programa MICLA-BR, sendo razoável observar que, após a divulgação da imagem, o programa deva estar sendo tocado sob regime de confidencialidade, tanto por parte da FAB quanto da Avibras.

No entanto, o bom jornalismo sempre vai atrás dos fatos com perseverança e apuração profissional.

Fica agora aberto ao debate a configuração final do MICLA-BR, qual será seu alcance real, já que o gerente do Programa Astros 2020 (EB) declarou a este jornalista em seu gabinete que o AV-MTC tem muito mais que 300 km de alcance (“quantos forem necessários a Defesa do Brasil”) e qual seria seu peso no lançamento, dentre outras questões.

Certamente uma arma sofisticada e letal, o MICLA-BR fará pender a balança geoestratégica do continente em favor do Brasil, já que, considerando-se o alcance e poder de penetração da aviação de caça da FAB, especialmente com emprego de reabastecimento em voo usando o KC390, qualquer alvo estratégico em qualquer lugar do continente sul-americano poderá ser atingido de forma altamente destrutiva.

Com a palavra, a Força Aérea Brasileira.

“Os 18 da FAB” – breve artigo completo sobre os Programas da Força Aérea Brasileira!

 

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  1. Caiafa, boa noite. Minha dúvida: uma versão lançada do ar, poderia se beneficiar, na fase inicial do voo da altura do lançamento – depois ele iria numa trajetória de baixa altitude, mas creio que não teria o booster da versão terrestre- queimaria só querosene do motor a jato, então a questão do alcance fica uma incógnita, sem falar da questão peso/dimensões, mais crítica na versão aérea, pois compromete o desempenho da plataforma lançadora.
    Bom trabalho, Roberto ‘Sherlock’ Caiafa ‘Holmes’, rs.

    1. No geral, um Booster descartável tende a equalizar a diferença de alcance entre o míssil lançado do alto em velocidade e o míssil lançado da superfície em repouso. A função do booster descartável no caso, é acelerar e colocar o míssil em altitude e velocidade inicial de cruzeiro. Portanto é provável que o míssil tenha o mesmo alcance, lançado da superfície com booster e lançado de um caça, sem o booster. 300km de alcance e 500kg de explosivos, são os limites permitidos para exportação de um míssil, de acordo com o Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis – MTCR, tratado do qual o Brasil é signatário.

  2. Parabéns pelo furo de reportagem. Muito bom isso, temos que desenvolver a nossa tecnologia de defesa! Esperamos mais detalhes a respeito, vai ser usado só pelo AMX ou o Gripen vai usar também?

  3. O dom que nossas Forças Armadas tem para gerar confusão é enorme.
    E nem me refiro a contrainformação.
    Me refiro a confusão em não saber o que fazer quando um jornalista tem curiosidade sobre um objetivo não identificado disponibilizado em vídeo ou foto pública, investiga e oferece ao público interessado informações levantadas pelo próprio órgão, mas de modo informal.
    Em vez deste órgão abrir o jogo, uma vez que o objeto estava exposto, o que a FAB preferiu fazer? Fritar o jornalista, desmentindo e repassando outros informações (contrainformação para lá de mal planejada) e para, logo depois, confirmar os dados disponibilizados anteriormente pelo jornalista.
    Infelizmente, o excesso de orgulho não permitir concluir, de forma satisfatória, o assunto. Uma pena.
    Caiafa. Parabéns pelo profissionalismo pela analisa, desde a primeira matéria até esta conclusão.

  4. Mais uma vez parabéns aos jornalista e editores desta consagrada página.
    Mias uma vez ficaram algumas dúvidas.
    1- No caso do radar de defesa aérea, seria o Saber-M 200 (vigilante)?
    Tanto que o modo IFF4 e Link BR2 estão bem próximos desse radar de vigilância e essas eram as ultimas etapas de desenvolvimento do Saber-M200.
    2- Estão desenvolvendo e desenvolverão um míssil BVR nacional ?
    Caso sim, será baseado em que míssil? terá novo desenho?
    3- Essa ARP-rec seria o vant Falcão Avibras ?
    sabe-se que a FAB gastou verbas e tempo em diversos programas que são utilizados tanto no Falcão como no MT-300, sistemas como SNC, DPA-Vant, Sisnav etc..
    4- O que é esse ATN-BR ? Antena BR ou Aeronave Não Tripulada BR ?
    Por fim, qual a ordem cronológica das cores do organograma?
    http://tecnodefesa.com.br/wp-content/uploads/2019/09/FAB020-696×392.jpg

  5. Excelente notícia! Espero que o seu desenvolvimento nao sofra atrasos, e que seu designer possar mudar para uma forma mais stealth parecida como dos Storm Shadow/Scalp e Kepd 350 para ser mais difícil de ser detectado pelas AAA inimigas. E aposto que o MICLA-BR vai ter um maior alcance na casa dos 400 a 500 km. Assim os caças da FAB possam lançar o míssil sem ter que entrar em território inimigo.

  6. Audiência Pública da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), realizada na Câmara dos Deputados, em Brasilia, na manhã do dia 02/10/2019, o chefe do Escritório de Projetos do Exército, General Ivan Ferreira Neiva Filho, afirmou aos deputados presentes que o alcance inicial do Míssil MTC será de 300 km com uma ogiva de 500 kg e precisão de 10 metros, alegando ainda que este míssil é o nosso “Tomahawk brasileiro”.

  7. Audiência Pública da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), realizada na Câmara dos Deputados, em Brasilia, na manhã do dia 02/10/2019, o chefe do Escritório de Projetos do Exército, General Ivan Ferreira Neiva Filho, afirmou aos deputados presentes que o alcance inicial do Míssil MTC será de 300 km com uma ogiva de 500 kg e precisão de 10 metros, alegando ainda que este míssil é o nosso “Tomahawk brasileiro” e que a Marinha do Brasil esta interessada no mesmo.

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