O professor Eduardo Ítalo Pesce, pesquisador e estudioso de temas ligados à Defesa Nacional que, junto a nomes como Ronaldo Olive, Francisco Ferro, Mário Roberto Vaz Carneiro, Cosme Degenar Drumond, Ricardo Bonalume Neto, Reginaldo Bacchi e outros, ajudou a moldar a atual geração da mídia especializada.
Como seus pares que militaram ou ainda estão por aí nesse segmento da imprensa que hoje é credor de uma dívida enorme em termos de gratidão por tudo que já fez em prol das Forças Armadas e indústria setorial, o Ítalo era uma pessoa diferenciada. Quando se estava começando a conhece-lo, dava para pensar: “esse camarada é meio maluco…” Ele jamais (com um pouco de exagero, mas só um pouco) iria se referir, por exemplo, ao “canhão alemão de 88mm”. Não ele.
Diria sempre que o “flugzeugabwherkanone”ou, no mínimo, o “flak 18”.
Porém, por trás desse aparente esnobismo, maluquices, etc, estava uma das mais brilhantes mentes pensantes no assunto defesa, principalmente em temas relacionados às Marinhas e ao Poder Naval em nível mundial, bem como uma cultura de causar inveja. Mesmo com as poucas oportunidades de um contato mais estreito, o Ítalo foi um grande mestre.
Com formação “latu-senso” em Relações Internacionais, era um eminente articulista com artigos publicados na revista Segurança & Defesa, na Revista Marítima Brasileira, no mais que renomado Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, e outras.
Desde 1989 dedicava-se especificamente aos assuntos de defesa, com ênfase no Brasil. Como professor convidado da Marinha, acompanhou guardas-marinha em viagem de instrução no navio-escola Brasil e concluiu o mestrado profissional em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval (EGN), em 2016.
Junto a Ronaldo Leão Correa, George Gratz e Vinícius Domingues Cavalcante, fundou o Instituto Brasileiro de Estudos de Defesa (IBED), sucedido pelo Instituto de Defesa Nacional (IDEN), e, junto com o professor Eurico de Lima Figueiredo, participou ativamente nos estudos que culminaram na criação do Núcleo de Estudos Estratégicos Avançado (NEA) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O professor Ítalo estava internado, combatendo o vírus da Covid-19, desde o dia 13 de setembro, e perdeu a batalha na madrugada da última segunda-feira, dia 28. Foi-se como um bravo soldado.
Nas palavras do amigo Vinicius Cavalcanti “… a mídia especializada certamente sentirá falta da sua reconhecida expertise”. Com toda a certeza.
À família e amigos cabem agora sinceras condolências.
Ao pessoal da coirmã Segurança & Defesa, o abraço solidário de seus companheiros de Tecnologia & Defesa.
Uma resposta
Não conheci o ilustre professor Ítalo, mas pela matéria publicada, reconheci sua importante colaboração. Precisamos de mais pensantes como ele. Mesmo o momento não sendo propício, o Brasil tem que investir pesado em nossas forças armadas. Olhos gulosos espreitam nossas riquezas . Vejam as ” ongs que atuam na Reg. Amazônica ” , os piratas há muito estão carregando nossas riquezas.