Na madrugada do dia 9 de fevereiro, os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) pousaram na Base Aérea de Anápolis com os 34 civis repatriados de Wuhan, na China.
Apesar de não contar com nenhum passageiro que apresente os sintomas do coronavírus, a Operação Regresso à Pátria Amada dá início a uma nova e importante etapa: a descontaminação de aeronaves e viaturas pelas quais passaram os civis trazidos da cidade que é o epicentro da infecção.
Para o Chefe do Emprego da Força Terrestre, General de Brigada José Ricardo Vendramin Nunes, o Exército Brasileiro tem duas participações significativas: uma com a Defesa Química Biológica Radiológica e Nuclear (DQBRN), no processo de descontaminação da aeronave, e outra com a Saúde Operacional do Exército, na montagem do Hospital de Campanha. “Tenho absoluta convicção de que o trabalho dos nossos militares será realizado nas melhores condições”, afirma. No total, 50 homens da Companhia de Defesa Química Radiológica e Nuclear (Cia DQBRN) trabalham nessa minuciosa missão: “vamos utilizar equipamentos para descontaminação de ambientes internos do avião e, posteriormente, os compartimentos de carga, onde ficaram alojadas as bagagens dos repatriados. Temos capacidade, pessoal treinado e preparado para garantir a segurança biológica em situações como essas”, afirma o comandante da Companhia de DQBRN, em Goiânia, Capitão Thiago Costa.
Os 34 repatriados, mais 14 profissionais da saúde, oito tripulantes e dois jornalistas que estiveram no voo, agora ficarão em observação, uma ação preventiva para aumentar a segurança de todos os envolvidos.
Hospital de Campanha
Um hospital de Campanha foi montado dentro da Base Aérea de Anápolis para fornecer toda a estrutura que os civis regressos possam precisar.
A Coronel Médica Carla Maria Clausi é a responsável pelo Hospital de Campanha desdobrado pelo Exército Brasileiro na Operação Regresso.
Ela explica que a missão do Exército é prestar o apoio aos civis que regressam ao Brasil: “é importante ressaltar que não temos nenhum caso diagnosticado nem suspeito de coronavírus, mas estamos aqui para dar apoio caso eles precisem no período de quarentena. Estamos com estrutura para realizar exames laboratoriais, raio-x, eletrocardiograma, atendimentos na área odontológica e na área médica em diversas especialidades”, destaca.
Expertise DQBRN
Essa não é a primeira vez que o Exército Brasileiro realiza a descontaminação de aeronaves.
Em 2014 e 2015, o 1° Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear realizou a verificação e descontaminação de aviões FAB que fizeram o transporte de pacientes com suspeita de contaminação pelo vírus Ebola.
Todo o trabalho foi realizado utilizando ferramentas de última geração que esterilizaram até os equipamentos mais sensíveis da aeronave, garantindo a segurança de todos os envolvidos no transporte.
“Atualmente, para fazer frente à ameaça biológica, o Exército conta com militares e equipamentos especializados capazes de coletar e identificar os agentes biológicos, além de realizar os trabalhos de descontaminação, visando mitigar a dispersão da contaminação e proteger os indivíduos, equipamentos e instalações”, afirma o comandante do Batalhão DQBRN, localizado no Rio de Janeiro, Tenente-Coronel Jorge Otavio Domingues Costa.
A capacidade de DQBRN do Exército hoje advém da existência de equipamentos e estruturas vocacionadas para a identificação ou confirmação de agentes biológicos.
A Força Terrestre conta com: laboratório móvel químico e biológico do Exército; laboratório com nível de biossegurança 3 (NB3) e laboratórios NB2; viatura leve de reconhecimento e identificação; além dos equipamentos de descontaminação como LDV-X; tendas pneumáticas para descontaminação técnica, de pessoal e material; e viatura leve de descontaminação.
Organizações militares especializadas formam o Sistema de Defesa Química Radiológica e Nuclear: Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (IDQBRN), o Instituto de Biologia do Exército (IBEx), o 1° Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (1° Btl DQBRN) e a Companhia de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (Cia DQBRN).