AvEx e o Spike ER2: cinco perguntas para Gal Papier (Rafael)

A israelense Rafael está competindo pelo programa de modernização do sistema de armas empregado pela frota de helicópteros Fennec e Panther (Esquilo e Pantera) da Aviação do Exército Brasileiro.

Essa licitação encontra-se em seus estágios finais de avaliações antes de uma definição e compra.

Juntamente com a brasileira Akaer, a Rafael ofereceu à AVEX um conjunto completo de armamento, incluindo o míssil SPIKE ER de 8 km de alcance e considerado de 4ª geração.

O SPIKE ER2 estará competindo como armamento de escolha para o programa Tiger Alemão, bem como para o Exército Polonês, tanto um míssil guiado de precisão stand off montado sobre veículo (superfície-a-superfície) quanto lançado do ar por helicópteros atualizados do tipo MI-24 e Sokol.

Agora que o míssil SPIKE ER2 encontra-se disponível, a equipe Rafael / AKAER atualizou sua proposta, oferecendo um míssil de 5ª geração com alcance de até 16 km, permitindo o engajamento sem linha de visada direta, abrindo dessa forma uma enorme lacuna com relação aos outros mísseis e foguetes propostos.

Para falar sobre o upgrade da proposta Rafael/Akaer para a Aviação do Exército, T&D apresentou cinco perguntas ao senhor Gal Papier, diretor de Marketing e Desenvolvimento de Negócios na Diretoria de Sistemas Táticos de Armas de Precisão da Rafael.

1- O Spike ER2 tem baixo peso, alcance estendido e dois sistemas de orientação diferentes. A Aviação do Exército Brasileiro atualmente opera helicópteros leves para transportar e disparar esse tipo de arma. É uma combinação eficaz? A potência de fogo x alcance x estabilidade da plataforma dá aos helicópteros Fennec uma chance real contra sistemas EAD?

Rafael Expert: O desempenho do SPIKE ER2 dentro da relação peso / alcance ״ é muito alto, permitindo que com apenas 35 kg de peso se obtenha um alcance de até 16 km. Essa capacidade é ideal para helicópteros leves como o Fennec, por exemplo, que são limitados em sua capacidade de carga e em sua blindagem e capacidade de sobrevivência. O SPIKE ER2 permitirá que o helicóptero AVEX ataque a grande distância, totalmente fora da zona de perigo do EAD, aumentando assim a capacidade de sobrevivência da aeronave de forma dramática. A vantagem da orientação eletroóptica é clara em comparação com a orientação a laser de geração antiga na qual o helicóptero precisa designar continuamente o ponto de laser no alvo e, portanto, precisa estar muito mais perto do alvo em LOS (linha de visada), e dentro da área de perigo EAD, expondo o helicóptero a muitas ameaças diferentes enquanto ele dispara.

2- A instalação e integração do Spike ER2 aos helicópteros necessitam de intervenções complexas? É um sistema Plug and Play? A manutenção é simples?

Rafael Expert:  Rafael tem um grande legado de integração de mísseis SPIKE a helicópteros, incluindo o UH60, o Tiger, o AW129, o AW159, o AH64, o Super Cobra, o Super Puma e até o MI17.

Essa experiência, conhecimento e legado permitem reduzir o risco e simplificar o processo de integração. Além disso, Rafael fez uma parceria com a empresa aviônica local AKAER, que esteve profundamente envolvida na antiga atualização dos helicópteros AVEX (Fennec e Panther), que também será um fator de redução de risco.

A integração é bastante simples e será feita localmente em Taubaté pelas equipes de Rafael e Akaer. Akaer instalação está localizada em São Jose Dos Campos, que é inferior a 40 min. longe de Taubaté.

Isso permitirá apoiar continuamente o esquadrão tanto em campo quanto em manutenção. O hardware e os mísseis são de manutenção muito baixa, exigindo normalmente apenas o trabalho de técnicos de baixo nível.

O T-129, um dos favoritos para equipar a Aviação do Exército no futuro com um helicóptero de ataque genuíno, já possui o Spike ER integrado ao seu set de armas.
O Airbus Helicopters Tiger é outro vetor de ataque que pode empregar o Spike ER.

3- Este tipo de serviço na frota de helicópteros de ataque – é possível fazer a conversão nas instalações da AVEX?

Rafael Expert:  como mencionado acima, a integração e a modernização serão todas feitas em Taubaté.

4- A integração consiste em um pacote de itens – descreve o sistema.

Rafael Expert:  A proposta da Rafael & Akaer inclui um conjunto completo de armamento baseado no sistema de armas SPIKE ER2, incluindo seu principal processador de armas (WP) conectado a 2 lançadores SPIKE ultra leves com receptor RF de link de dados embutido (habilitando um link de dados bidirecional com o míssil até 16km), estes lançadores de mísseis foram projetados para helicópteros leves com peso e massa reduzida no total de menos de 30kg por lançador. Cada lançador carrega dois mísseis prontos para disparo.

O WP também está conectado a dois miniguns 134-D opcionais, ou dois lançadores de foguetes ou dois pods de armas (7,62 mm, 12,7 mm ou 20 mm), permitindo à AVEX total flexibilidade na adaptação de “missão ao armamento”.

Além disso, o WP é conectado a uma estação eletro-óptica (EOS) giroestabilizada de alta resolução, e também a um conjunto com dois helmet mounted displays (HMDs), permitindo que os dois pilotos visualizem a imagem gerada pelo EOS, ou a imagem do buscador de mísseis Spike ou o aplicativo de mapa móvel, tudo isso enquanto as cabeças dos pilotos estão levantadas.

Todos os vídeos dos disparos também são gravados por uma unidade Rafael MDVR para o esclarecimento e aprendizagem de lições pós-missão. Além disso, um link de dados Rafael exclusivo (chamado Global Link) é incorporado no helicóptero, este link de dados é um SDR (software defined radio) baseado em a famosa família de datalink de banda larga Rafael BNET SDR (que é utilizado como base para o link de dados aerotransportado BR2 da Força Aérea Brasileira).

Este Data Link  permite tanto o envio de áudio e vídeo de todo o sistema a mais de 40 NM para uma estação terrestre como para os outros helicópteros do esquadrão, usando uma rede ad hoc para compartilhamento de mensagens, posições amigas e inimigas (força azul / vermelha), vídeos de alvos em tempo real, bem como comandos de áudio.

Esta capacidade única já está operacional na aviação colombiana com a força de helicópteros Blackhawk ARPIA IV, bem como na força aérea indiana e nos esquadrões de helicópteros Boeing AH-64 Apache de Israel.

Essa tecnologia é um forte multiplicador de forças que maximiza a cobertura de um esquadrão de helicópteros, permitindo dispersar as plataformas de forma eficaz, centralizando o fogo.

A Colômbia com seus Blackhawk Harpia consegue extrair o máximo de vantagens oferecidas pelos Spike ER.

5- A Rafel oferece um sistema de datalink associado ao Spike ER2, que tipo é, quais são os recursos? Que tipo de carga útil será usada para designar e iluminar o alvo no caso do Spike ER2?

Rafael Expert: O link de dados mencionado anteriormente. Em relação ao EOS (estação eletro-óptica): SPIKE ER2 é o único armamento proposto que não requer designação de laser. O míssil é eletro-óptico, o que significa que o artilheiro pode bloquear o alvo e atirar e esquecer ou pode atirar e observar. Isso significa que ele visualiza em tempo real o feed de vídeo recebido do míssil e pode atualizar o ponto de bloqueio em tempo real, permitindo identificar o impacto, além de envolver alvos ocultos. Este fato permite reduzir drasticamente o preço do EOS, pois não é necessário nenhum componente ativo de laser. Multiplicado pelo número de helicópteros, o simples custo economizado é bastante significativo. Rafael propôs diferentes opções para o encaixe EOS leve no requerimento operacional da AVEX. A EOS é orientada e escravizada aos lançadores de míssil SPIKE ER2 e aos HMDs, o que significa que o movimento da cabeça do piloto também irá mover o EOS e o seeker FOV, permitindo detectar, adquirir alvo e bloquear o buscador de mísseis em segundos.

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