Afinal, o Gripen da FAB terá IRST?

Após a chegada do primeiro Gripen ao Brasil, o de c/n 39-6001 e matrícula 4100, alguns questionamentos foram feitos em relação a ausência do sensor passivo de busca de alvos por infravermelho, a curtas e longas distâncias, o infrared search and track system (IRST) Skyward-G. Para responder a essa pergunta, é preciso observar alguns detalhes do próprio desenvolvimento do Gripen de nova geração e da sua campanha de ensaios em voo.

O IRST começou a ser testado pela Saab no Gripen Demo, um Gripen D designado 39-7 e que recebeu uma série de modificações para validar sistemas e conceitos que seriam incorporados, posteriormente, no Gripen E/F, como o Wide Area Display da AEL Sistemas e o motor General Electric F414-GE-39E de quase 10 mil kgf de potência.

O Gripen Demo decolou pela primeira vez em 27 de maio de 2008, sendo o sensor testado em voo naquele exemplar quase seis anos depois, em abril de 2014.

Em 15 de junho de 2017 o primeiro Gripen E, designado 39-8, alçou seu voo inaugural sob os comandos do piloto de ensaios em voo Marcus Wandt que, ao longo de 40 minutos, testou as características básicas de voo e as funcionalidades dos seus principais sistemas.

A partir de então, cada Gripen E de desenvolvimento construído pela Saab recebeu uma missão específica para a campanha de ensaios em voo. O 39-8, por exemplo, conduziu os testes de separação de carga externa e disparo do míssil IRIS-T.

Em 1º de novembro de 2018 foi a vez de o 39-9 ganhar os céus pela primeira vez num voo de 33 minutos de duração sob os comandos de Robin Nordlander. O exemplar ficou com a missão de testar os sistemas de guerra eletrônica, radar, IRST e datalink 16, enquanto o 39-10, que decolou pela primeira vez em 10 de junho de 2019, teve foco nos testes dos armamentos e desenvolvimento dos sistemas táticos. Somente nesses dois exemplares, depois de terem feito os seus voos inaugurais, é que o IRST foi instalado.

O primeiro Gripen brasileiro, que vimos em Navegantes e que agora está em Gavião Peixoto (SP) para continuar a campanha de ensaios em voo no Gripen Flight Test Centre, voou pela primeira vez em 10 de junho de 2019. Dentre outros objetivos, a sua missão era a de ampliar o envelope de voo; testar os sistemas específicos da variante brasileira como o Link BR2, armamentos e o novo controle de voo. Foi o primeiro Gripen E equipado com o WAD.

O primeiro exemplar de produção da Suécia, de c/n 39-6002, está fazendo os voos de aceitação e de desenvolvimento de doutrina. Assim como o 39-6001, até o momento o avião não recebeu o IRST.

E isso significa que o Gripen de produção ou o Gripen do Brasil não terá IRST?

As campanhas de ensaios em voo possuem características próprias e é interessante notar que cada aeronave tem uma missão principal, e outras secundárias. Assim, quando certos requisitos, sistemas, aviônicos e outros itens são testados e validados, a capacidade é expandida, posteriormente, para os aviões de produção.

Dessa maneira é possível ganhar eficiência nos testes e reduzir custos de desenvolvimento.

Até o momento, todos os Gripen que estão em voo são considerados pela Saab como aeronaves de desenvolvimento. Diferente de protótipos, que encerram a sua vida operacional no momento em que a campanha de ensaios em voo é concluída, esses aviões serão padronizados com todos os sistemas e capacidades dos aviões de produção e entregues para os seus operadores ao término dos testes.

Dessa forma, os aviões de produção do Brasil, assim como o os da Suécia, serão sim dotados de IRST.

 

COMPARTILHE

Respostas de 14

  1. O BRASIL comprou o GRIPEN NG e recebeu um GRIPEN C “ANABOLIZADO” dos Escandinavos !!!!
    Duvido muito que algum GRIPEN E ou F BRASILEIRO receba toda suíte de sensores e armas prometidos e apresentados pelos suecos no Projeto do GRIPEN NG. ISTO SEM FALAR NO PREÇO ALTÍSSIMO DE CADA EXEMPLAR FABRICADO!!! SERÁ QUE VALEU À PENA PAGAR TANTO POR CADA CAÇA FABRICADO, SÓ PARA DOMINAR TODO “KNOW-HOW” DAS TECNOLOGIAS EMBARCADAS NA AERONAVES E DOMINAR TODA EXPERTISE DE FABRICAÇÃO DA AERONAVE!!!!!!
    A PRÓPRIA REPORTAGEM. ACIMA INFORMA QUE O SENSOR FRONTAL DE DETECÇÃO PASSIVA VEM SENDO TESTADO HÁ MAIS DE UMA DÉCADA, SEM QUE O SENSOR APRESENTE AS CAPACIDADES ESPERADAS DO DISPOSITIVO!!!! UM POUCO MAIS DE UMA DÉCADA DE TESTE E NADA DE O SENSOR ATINGIR A MATURIDADE DE DESEMPENHO PARA QUE ELE SEJA INTEGRADO NAS PRÓXIMAS UNIDADES DE SÉRIE É LAMENTÁVEL !!! NEM AS PRIMEIRAS VERSÕES DO GRIPEN, NEM O VIGGEN POSSUÍAM TAL DISPOSITIVO QUE FOI INSTALADO NOS DRAKKEN, ACHO ATÉ QUE COM UMA CAPACIDADE LIMITADA, EMBRIONÁRIA, QUE TERIA COMPARANDO COM OS DISPOSITOS ATUAIS DO TIPO UM DESEMPENHO MODESTO, E PARECE QUE OS SUECOS ESTÃO TENDO DIFICULDADE EM DESENVOLVER TAL SENSOR COM PARÂMETROS MÍNIMOS DE USO E EFICIÊNCIA!!!!!!

    É…. parece que até os escandinavos não tem o know-how e a expertise necessária para entregar o que foi contratado!!!!

    1. Obrigado João Paulo Moralez, pela materia exlcrecedora.

      Vocês demostram respeito ao esclaecer, diferente de alguns veiculos de impresa de assuntos militares que fazem chacota com seus leitores.

    2. Raimundo,

      O sensor está em testes desde2014, ou seja, menos de uma década.
      Existem muitas matérias explicando os sensores que vão equipar o Gripen. Acreditar ou não é mais uma questão pessoal do que fato concreto em si.
      O Draken veio antes do Viggen.
      Por fim, a transferência de tecnologia feito pelos suecos para o Brasil é, talvez, o maior programa neste sentido já realizado para as nossas Forças Armadas.

    3. Porque tem gente que teima em criticar a transferência de tecnologia: ” SERÁ QUE VALEU À PENA PAGAR TANTO POR CADA CAÇA FABRICADO, SÓ PARA DOMINAR TODO “KNOW-HOW” DAS TECNOLOGIAS EMBARCADAS NA AERONAVES E DOMINAR TODA EXPERTISE DE FABRICAÇÃO DA AERONAVE!!!!!!” – É tecnologia de ponta, sem os softwares modernos, exceto pela velocidade, não poderiamos diferenciar o Gripen NG de um F-86 sabre ou seu congenere MIG 17, que combatiam na época do olho no olho. A sofisticação é tamanhaque num hipotético combate dentre os Gripen NG X os Sukoi 30 Venezuelanos (considerados modernos), dificilmente “nuestros hermanos” sobreviveriam. Caça por caça em desempenho se equivaleriam, mas em tecnologia aqueles já estão um passo atrás. E tenho dito.

  2. Falou muito Raimundo e falou muita bobagem, a SAAB não é uma empresa qualquer, parece mais dor de cotovelo por chegar no governo atual e não no governo ladrão onde se tomava 10 anos só pra tomar alguma decisão.

  3. Acredito que os IRST sejam não só muito caros mas também requerem cuidados específicos, não justificando-se operar aeronaves em desenvolvimento com o sensor instalado simplesmente porque vão se desgastando e sujeitos a acelerações e outras solicitações (inclusive térmicas) sem necessidade.
    Uma referncia interessante (que traz várias outras em seu campo de referencias) é :
    Operational Measurements for Infrared Camera Characterization

    Geraldo Mulato de Lima Filho1

    Robert Cardoso Fernandes de Almeida1

    Ruy Morgado de Castro2

    José Damião Alvaro2

  4. Só complementado meu comentário anterior, vejam que os IRST da vida (e seus equivalentes mais “civis”) tem que ser refrigerados para terem um desempenho adequado (similarmente aos seekers dos misseis com guiamento IR). Estes sistemas de resfriamento são muito sensíveis normalmente utilizam ciclo Stirling e não da para simplesmente deixa-los instalados, por exemplo, numa aeronave que estaja sendo transportada dentro de um navio (o que aliás, demonstrou ser indubitávelmente o melhor meio de transporte do 4100 até o Brasil…)
    Vide por exemplo: http://www.sourcesecurity.com/datasheets/flir-systems-sc5600-cctv-camera/co-2752-ga/AU_SC5600-M_Leaflet_APAC.pdf

  5. Rommel,

    Conforme expliquei na matéria, a Saab divide as tarefas de ensaios nos aviões de desenvolvimento, que depois serão padronizados com as versões de produção e entregues para os seus respectivos clientes.

  6. João Paulo,
    Uma pessoa que conhece o assunto, tendo estado até na Suécia em 2017, no lançamento da nova versão do Gripen, me enumerou os problemas do caça, tais como:
    O radar superaquece e não terá o alcance prometido.
    O IRST disputa espaço escasso com o radar e também tem um desempenho sofrível.
    Como se não bastasse, a sonda de REVO está 50 cm atrás da sonda do Gripen C/D. Para acoplar, o piloto terá de olhar para trás e à esquerda, uma posição completamente antinatural. Até agora, nenhuma tentativa simulada de REVO deu certo.
    Você teria alguma informação sobre esses problemas. Abs

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *